O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teria sido o autor das emendas de relator que liberaram R$ 32,9 milhões para a compra de kits de robótica superfaturados investigados pela Polícia Federal em nove municípios de Alagoas, segundo apuração do jornal O Estado de São Paulo. O ex-assessor de Lira, Luciano Ferreira Cavalcante, é um dos suspeitos de participar do esquema e atuava na liderança do PP na Câmara dos Deputados até ser demitido nesta segunda (5).
Os recursos teriam sido destinados ao projeto no estado entre os anos de 2019 e 2022 através das RP9, que ficaram conhecidas como “orçamento secreto” e não tinham indicação de destino. Os contratos para a compra dos kits deram origem a uma operação deflagrada na semana passada pela PF que descobriu fraude nas licitações e apreendeu R$ 4,4 milhões em dinheiro em espécie em reais e em dólares em Maceió.
Segundo apuração do Estadão, foram empenhados R$ 32,9 milhões ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), dos quais o governo liberou R$ 29,7 milhões para pagamento. Pelo menos R$ 17 milhões já teriam sido pagos, sendo o restante à espera de quitação. O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a anulação de todos os contratos que ainda não foram finalizados.
O esquema teria destinado a licitação para uma empresa específica, a Megalic Ltda., que comprava os equipamentos de um fornecedor que fica em São Paulo e destinava o dinheiro pago pelas prefeituras a diversas contas bancárias em nome de operadores que faziam saques e entregavam aos investigados.
Após a operação da PF, Lira procurou se afastar de qualquer irregularidade e afirmou que há decisões judiciais que negam o superfaturamento dos kits. Ele, no entanto, não se pronunciou sobre as emendas.