Pouco após a indicação de Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República, o primeiro colocado na lista tríplice da Associação Nacional do Procuradores da República (ANPR), o subprocurador-geral Mario Bonsaglia, criticou a decisão do presidente Jair Bolsonaro. "A autonomia institucional do MPF corre claro risco de enfraquecimento diante da desconsideração da lista tríplice", afirma. Para ele, se trata de "um retrocesso de décadas para a instituição".
Mario Bonsaglia é um conservador que fez carreira na área criminal e recebeu o apoio de integrantes das forças-tarefa da Lava Jato, Zelotes e Greenfield. Também teve o nome defendido pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro. Para Bonsaglia, o uso da lista tríplice para a escolha do novo procurador-geral não se tratava de mera "questão corporativista". "A lista funciona como um contrapeso ao poder presidencial de escolha. Isso fica muito claro no âmbito dos MPs estaduais", diz. Ele defende ainda uma previsão legal para a tradição iniciada em 2003 e agora interrompida. "A constitucionalização da lista tríplice para escolha do PGR é uma necessidade para consolidar a autonomia que a Constituição já prevê para o Ministério Público. Há uma evidente lacuna no texto constitucional com relação ao MPF", afirmou Mario Bonsaglia.