O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se referiu aos organizadores da Agrishow de Ribeirão Preto (SP), que ocorreu entre 29 de abril e 3 de maio, como "alguns fascistas, alguns negacionistas". Ele afirmou que os organizadores do evento "não quiseram" que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participasse.
"Ele [Carlos Fávaro] não é pequeno produtor, não, ele é grande produtor. Ele é meu ministro. Tem a famosa feira da agricultura em Ribeirão Preto que alguns fascistas, alguns negacionistas não quiseram que ele fosse na feira, desconvidaram o meu ministro", afirmou.
A informação de Lula é imprecisa. Até o momento, é de conhecimento que o convite feito à Fávaro não foi retirado pela exposição. Mas ele decidiu não participar depois que o presidente da feira, Francisco Matturro, alegadamente sugeriu que ele não viesse na abertura do evento, quando estaria presente o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula deu as declarações na abertura da turnê de elaboração do Plano Plurianual, na Bahia. Ele afirmou que havia se encontrado com representantes do agronegócio locais que o convidaram para a segunda maior feira do setor no Brasil, mas sem mencionar qual feira específica. Há uma expectativa de que seja a Bahia Farm Show que ocorrerá entre os dias 6 e 10 de junho, em Luís Eduardo Magalhães (BA).
"Eu quero dizer que eu venho nessa feira só para fazer inveja nos mau-caracteres de São Paulo que não deixaram o meu ministro participar", disse o presidente.
Durante a crise com o ministro Fávaro na Agrishow, integrantes do governo fizeram pressão para que o Banco do Brasil retirasse o patrocínio da feira. O banco divulgou uma nota dúbia afirmando que o patrocínio seria mantido, mas poderia ser retirado a qualquer momento.
Ainda no evento na Bahia, o presidente também usou um termo pejorativo ao falar do ex-prefeito de Salvador e secretário-geral da União Brasil, ACM Neto. Lula o chamou de "grampinho" no contexto de uma fala em que elogiava o atual governador no PT, Jerônimo Rodrigues, por ter vencido ACM Neto nas últimas eleições.
O apelido foi dado por adversários em meados dos anos 2000, no primeiro governo Lula, quando o então senador Antônio Carlos Magalhães (1937-2007), avô de ACM Neto, foi investigado por supostamente comandar um esquema de grampos telefônicos ilegais na Bahia.
A ofensa contra ACM Neto ocorre em um momento em que o União Brasil ameaça votar contra o governo e impor novas derrotas aos projetos de Lula no Congresso.
O partido já votou na Câmara para derrubar as mudanças de um decreto de Lula no Marco do Saneamento e agora cogita confrontar o governo para alterar os decretos do petista que aumentaram as restrições à posse, porte e comercialização de armas de fogo no país e retomaram a exigência de vistos para cidadãos de Austrália, Estados Unidos, Canadá, e Japão entrarem no Brasil.
O partido recebeu ao menos R$ 75 milhões em emendas, em uma tentativa do governo de amenizar a crise. Porém, as verbas enviadas ao União Brasil na última terça-feira (9) eram inferiores aos montantes recebidos por outros aliados do governo.