O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu a entender nesta quarta-feira (26) que a ex-presidente Dilma Rousseff não fará parte de um eventual novo governo petista. Lula ressaltou que Dilma tem uma "competência extraordinária", mas "não tem a paciência que a política exige". Além disso, Lula disse que não deve chamara os ministros que trabalharam com ele nos seus dois governos, entre 2003 e 2010. A declaração foi feita em entrevista à rádio CBN Vale do Paraíba, de São José dos Campos (SP).
"O tempo passou, tem muita gente nova no pedaço e eu pretendo montar o governo com muita gente nova, muita gente importante e com muita experiência também. A Dilma é uma pessoa pela qual eu tenho o mais profundo respeito e carinho. A Dilma tecnicamente é uma pessoa inatacável, tem uma competência extraordinária. Onde ela na minha opinião erra é na política", disse o ex-presidente.
Nas últimas semanas, dois episódios levantaram a discussão do papel de Dilma no PT e em um eventual novo governo Lula. Ela não compareceu ao jantar que selou a aproximação entre o ex-presidente e Geraldo Alckmin, cotado para ser vice na chapa presidencial petista. Além disso, o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, chegou a afirmar que Dilma não teria mais relevância eleitoral e não acrescentaria votos à candidatura de Lula. Na entrevista de hoje, Lula citou a falta de traquejo político da ex-presidente.
"Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar, para ouvir as pessoas, para atender as pessoas mesmo quando você não gosta do que as pessoas estão falando. Eu sou daqueles políticos que se o cara estiver contando uma piada que eu já sei, não vou dizer que já sei essa, não, conta outra vez. Tudo bem, se for necessário rir... Nisso eu acho efetivamente que cometemos um equívoco pela pressão em cima da Dilma [em 2016]", afirmou o petista.