A bancada do DEM na Câmara acompanhou o presidente nacional do partido, ACM Neto, e rebateu o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Casa. Em nota oficial assinada pelo líder da legenda, Efraim Filho (PB), os deputados sustentam que a saída de Maia da sigla "ajudará a pacificar o Democratas".
A resposta da bancada se refere a declarações ditas por Maia em entrevista ao jornal Valor Econômico, onde ele fala em acionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar o partido. A nota assinada por Efraim Filho começa alinhada com ACM Neto. "O Democratas é um partido plural e não tem dono", afirma.
Apesar de ter apenas a assinatura de Efraim Filho, a nota teve o aval de toda a bancada. Os deputados sustentam que a falta de apoio de seu próprio partido à disputa pela presidência da Câmara foi um cálculo político equivocado de Maia. Conforme antecipou a Gazeta do Povo em dezembro, a adesão do DEM a um bloco com partidos da esquerda em apoio à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) não foi bem recebido pela maioria da legenda.
"Na verdade, ao tentar levar o partido para essa posição, sem consultar a bancada sobre o que desejava, Rodrigo se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade. Era a sua sucessão, cabia a ele construir os consensos e conduzir o processo. Na democracia, maioria não se impõe, maioria se conquista", responde a bancada do DEM.
A bancada finaliza destacando que Maia e o DEM "entraram juntos para a história do país" e assegura que o ex-presidente da Câmara permanece tendo o respeito pelos "momentos marcantes desta parceria". Mas deixa claro que Maia não é mais bem vindo no partido. "Porém, com o anúncio de sua saída, deixa claro que chegou ao fim de um ciclo no partido, e esta decisão ajudará a pacificar o Democratas", sustentam os deputados.
Leia, abaixo, a nota na íntegra:
O Democratas é um partido plural e não tem dono. A bancada da Câmara não tem dono. O líder é eleito pela vontade expressa da maioria. Essa mesma maioria, que torna a decisão legítima, faltou a Rodrigo Maia para compor o bloco de centro-esquerda na disputa pela presidência.
Na verdade, ao tentar levar o partido para essa posição, sem consultar a bancada sobre o que desejava, Rodrigo se viu isolado e perdeu o comando do processo, e muitas vezes o alertamos sobre essa dificuldade. Era a sua sucessão, cabia a ele construir os consensos e conduzir o processo. Na democracia, maioria não se impõe, maioria se conquista.
Somos testemunhas de que o Presidente Acm Neto buscou convencer deputados a alinharem com Rodrigo, fez apelos a bancada, mas diante da decisão adversa da maioria, buscou a neutralidade num gesto de respeito a Rodrigo Maia. Na entrevista, Rodrigo tenta injustamente terceirizar a responsabilidade pela ruína do bloco, não faz sua autocrítica e nem assume a sua mea culpa. É injusto colocar em nossa conta a derrota do seu candidato a sucessão.
Insistimos, o Democratas não tem dono e ainda preserva um de seus maiores patrimônios: a capacidade de decidir pela vontade da maioria, e não por imposição de cúpula partidária. Isso sim seria ato antidemocrático. O Presidente Acm Neto foi correto ao respeitar a decisão da bancada, seguir o caminho da neutralidade quanto ao governo, preserva a independência do partido e tem a nossa solidariedade e confiança.
Passada a eleição da Câmara, a bancada Democrata já se reorganizou, elegeu o líder e o membro para compor a mesa diretora da Câmara dos Deputados. Foco no trabalho em 2021. Serão prioridades saúde e vacinação, crescimento econômico e geração de empregos. Eleições serão discutidas em 2022.
O Democratas é o partido que mais cresceu nas eleições municipais de 2020, venceu as eleições no Senado Federal, comandará uma das casas do Congresso e permanecerá protagonista da agenda do Brasil para os próximos 2 anos. Rodrigo Maia e o Democratas entraram juntos para a história do pais, tem nosso respeito por esses momentos marcantes desta parceria, porém com o anúncio de sua saída deixa claro que chegou ao fim de um ciclo no partido, e esta decisão ajudará a pacificar o Democratas.
Efraim Filho
Líder do Democratas na Câmara dos Deputados