O ministro das Relações Exteriores do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Mauro Vieira, se reuniu a portas fechadas nesta terça-feira (28), em Nova Délhi, na Índia, com o chanceler russo Sergey Lavrov.
O encontro aconteceu depois que a Ucrânia buscou o apoio brasileiro para unir a América Latina aos esforços para alcançar um acordo de paz que implique na retirada total das tropas russas do território ucraniano invadido.
Na semana passada, o Brasil votou a favor de uma resolução da Assembleia Geral da ONU que condenou a invasão russa e demandou a retirada imediata das tropas do Kremlin da Ucrânia. A ação foi interpretada por analistas como um apoio aos Estados Unidos e seus aliados europeus.
Mas, de forma contraditória, o Itamaraty se absteve na votação de duas emendas pró-Rússia que descaracterizariam a resolução principal. As emendas foram rejeitadas, mas esse posicionamento do Brasil soou como um ato pró-Rússia. O país teve uma atuação coadjuvante na discussão.
O encontro entre Vieira e Lavrov ocorre após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, manifestar interesse em se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diplomatas ucranianos afirmaram em Brasília na semana passada que Lula deveria viajar para a Ucrânia em guerra para entender o que está em jogo.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Vieira e Lavrov teriam afirmado na conversa o desejo de "fortalecer mais ainda toda a gama de relações de associação estratégica russo brasileira".
Eles também abordaram o programa de contatos bilaterais em vários níveis e trocaram pontos de vista sobre a interação dos dois países na ONU e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no bloco Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e no G20, entre outras plataformas multilaterais.
Lula havia afirmado que "é urgente" que seja formado "um grupo de países" para negociar uma saída pacífica ao conflito. Porém, o presidente brasileiro disse que poderia resolver a guerra em uma conversa de bar com Zelensky e com o presidente russo Vladimir Putin. O episódio evidenciou a visão simplista do governo Lula sobre o conflito, segundo analistas.
Atualmente, o Brasil é dependente das exportações russas de fertilizantes, insumos essenciais para o setor do agronegócio.