O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal tome o depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) em até 5 dias. O objetivo é esclarecer a revelação que fez à imprensa de um suposto plano, que teria sido arquitetado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), para anular a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e prender Moraes.
Do Val contou à revista Veja que Bolsonaro e Silveira lhe pediram, em dezembro, para que se reunisse com Moraes e gravasse a conversa – a expectativa era que o ministro confidenciasse ao senador que teria agido de forma irregular para prejudicar Bolsonaro na disputa eleitoral. Com essa pretensa gravação, o ex-presidente iria tentar derrubar a eleição, apontando fraude.
O interrogatório de Marcos do Val foi pedido pela PF no âmbito do inquérito, conduzido por Moraes no STF, que investiga autoridades do Distrito Federal que teriam sido coniventes com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. O ministro considera que os atos de vandalismo configuraram crime de golpe de Estado e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
“Conforme amplamente noticiado, o Senador Marcos do Val divulgou em suas redes sociais ter recebido proposta com objetivo de ruptura do Estado Democrático de Direito, circunstância que deve ser esclarecida no contexto mais amplo desta investigação, notadamente no que diz respeito a eventual intenção golpista”, justificou o ministro no despacho que autorizou o depoimento.
No pedido para tomar o depoimento, a PF afirmou que o senador “recentemente divulgou em suas redes sociais possuir informações relevantes quanto a investigação em apreço”. Moraes determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR), que pediu a abertura do inquérito sobre o caso, fosse notificada da decisão.
Na mesma investigação, o ministro já determinou a inclusão de uma minuta de decreto, apreendida na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, para que Bolsonaro decretasse estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), presidido por Moraes, para questionar o resultado da eleição. Além disso, determinou que o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, esclareça, em depoimento, declaração à imprensa de que haveria propostas semelhantes para anular a eleição de Lula.