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O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, criticou o que considera como retrocessos do governo de Jair Bolsonaro. "Vejo a omissão do governo em apoiar a retomada do restabelecimento da prisão após a condenação na segunda instância. Isso é injustificável e contraria, inclusive, as promessas de campanha feitas em 2018. Da mesma forma, havia uma expectativa de que poderíamos caminhar para a redução do foro privilegiado", afirmou Moro em entrevista ao jornal O Globo, na segunda-feira (9).
Para ex-juiz o governo está "inerte" com relação a esses temas. "Então, a afirmação de que não existe corrupção, em primeiro lugar, não é absolutamente consistente com os fatos. Segundo, se não trabalharmos em um sistema de controle e prevenção, a corrupção vai voltar e, talvez, mais intensa do que foi no passado", argumentou. O ex-ministro disse também que o comportamento do governo sobre o "loteamento político-partidário dos cargos públicos" era rígido no início do mandato de Bolsonaro, mas mudou no último ano. "Isso também acaba sendo uma possível fonte de oportunidades de práticas de corrupção", afirma.
Perguntado se a situação de Flavio Bolsonaro, filho do presidente denunciado pelo Ministério Público, poderia ter contribuído para os retrocessos anticorrupção, Moro diz não poder falar por Flavio, porém ressaltou que "governo federal tem falhado, principalmente por sua postura omissa em relação ao restabelecimento da prisão em segunda instância, por PEC ou por projeto de lei".