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O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (16) que não existe qualquer possibilidade dele passar a faixa presidencial para o presidente eleito Lula (PT). As declarações foram feitas durante entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico.
“Acho que está havendo uma distorção. Porque passagem de faixa é do presidente que sai para o presidente que entra. Se o presidente, vamos dizer assim, ele não vai querer passar a faixa, não adianta dizer que eu vou passar. Eu não sou o presidente. Eu não posso botar aquela faixa, tirar e entregar. Então, se é para dobrar, bonitinho, e entregar para o Lula, pô, qualquer um pode ir ali e entregar”, disse Mourão, afirmando ainda que esse seria um grande gesto de Bolsonaro.
“Acho que seria um grande gesto. Sou um grande fã do Winston Churchill. Tem um aforismo dele que diz que, na guerra, você tem de ter determinação, na vitória tem que ser magnânimo e na derrota, tem que ser altivo e desafiador. Acho que seria um gesto de altivez e de desafio: ‘Toma aí, te vira agora aí, meu irmão. Te vejo em 2026’, afirmou Mourão, que foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul.
O vice-presidente declarou ainda que as manifestações em frente aos quartéis, pedindo uma intervenção federal, são uma interpretação enviesada do artigo 142 da Constituição.
“Desde 2015 tem um grupo na sociedade brasileira inconformado com a corrupção e com a falta de resposta mais rápida do nosso sistema judicial. E esse pessoal acha que a solução é ter um golpe militar aqui. Aí, fazem uma interpretação enviesada do artigo 142 da Constituição. A nossa visão do artigo 142 coloca três missões para as Forças Armadas: defesa da pátria; garantia dos Poderes Constitucionais; e, por iniciativa de qualquer um deles, Garantia da Lei e da Ordem. Tem gente que interpreta que a garantia dos poderes constitucionais seria um poder moderador concedido às Forças Armadas. Aí, até a interpretação disso é complicada.”, disse o vice-presidente.
Ainda segundo Mourão, a relação das Forças Armadas com o novo governo do PT deverá ser em clima de normalidade. “Vai continuar tudo como dantes no quartel de Abrantes. É isso que vai acontecer. O relacionamento dos governos do PT com as Forças Armadas foi mais ou menos tranquilo. A única questão foi aquela coisa da Comissão da Verdade. E aí foi a Dilma que meteu os pés pelas mãos. O Lula nunca meteu os pés pelas mãos junto às Forças. Vai escolher um ministro da Defesa, um civil qualquer desses aí, tem várias especulações”, declarou Mourão.