Ao lado do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, Jair Bolsonaro reforçou no sábado uma velha reivindicação da diplomacia brasileira: uma vaga de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, posto que a Índia também deseja. “São dois grandes países. Estamos entre as dez maiores economias do mundo, juntos somos 1,5 bilhão de habitantes”, comentou Bolsonaro. “Acredito que seria bom para o mundo Brasil e Índia estarem nesse clube.” Em seu discurso, Modi disse que Brasil e Índia têm objetivos convergentes. “Nossas visões, em vários desafios enfrentados pelo mundo de hoje, são muito parecidas, incluindo nossa parceria nos Brics [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], a reforma do Conselho de Segurança da ONU e de outras organizações internacionais.” Hoje, o Conselho de Segurança tem 15 membros, sendo cinco permanentes e com poder de veto (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França). Os outros dez integrantes são eleitos pela Assembleia- Geral para mandatos de dois anos.
A reivindicação do Brasil é histórica. Antes mesmo da fundação da ONU, ainda no período da Liga das Nações, o Brasil manobrava por um assento no Conselho Executivo (a versão do CS na época). Em 1926, após uma tentativa frustrada de vetar a entrada da Alemanha no órgão, o presidente brasileiro Artur Bernardes abandonou a organização. Os planos foram retomados por José Sarney, nos anos 80, e mantidos pelos presidentes seguintes. Em 2005, o Brasil formou o G-4, ao lado de Alemanha, Japão e Índia, para atuar em conjunto pela reforma do CS da ONU. A manobra, porém, não avançou em razão do contra-ataque diplomático de rivais regionais: México, Argentina, Itália, Espanha, Coreia do Sul e Paquistão criaram um grupo batizado de “Unidos pelo Consenso”, que barrou a reforma.