A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça (14), 69 mandados de prisão e busca e apreensão em duas operações de combate ao tráfico internacional de drogas e venda de sentenças judiciais para traficantes, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina e Maranhão.
Segundo a corporação, um desembargador federal e o filho, advogado, são suspeitos de venderem sentenças judiciais à organização criminosa que praticava tráfico internacional de drogas, lavagem de dinheiro e crimes financeiros. Os nomes não foram divulgados pela Polícia Federal.
A operação envolvendo o desembargador, a “Habeas Pater”, cumpre 17 mandados de busca e apreensão em Brasília, Belo Horizonte e São Luiz. Imagens divulgadas pela PF no meio da manhã mostram a apreensão de grandes quantias de dinheiro em espécie.
Os suspeitos podem responder pelos crimes de tráfico de drogas, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro com penas que, somadas, podem chegar a 38 anos de reclusão.
Já a organização criminosa em si é investigada na segunda fase da operação “Flight Level”, desencadeada inicialmente em 2021, suspeita de movimentar os ganhos do tráfico através da aquisição de imóveis, veículos de luxo, joias e criptoativos sem declarar os rendimentos.
De acordo com a Receita Federal, que participa da operação, os líderes da organização criminosa são suspeitos de se passavam por empresários do setor financeiro para constituir empresas e movimentar recursos no território nacional.
“Foram criadas empresas em nome de interpostas pessoas, sem capacidade econômico-financeira, de forma a disfarçar a conexão delas com os líderes do esquema e com o propósito de desviar a atenção das autoridades públicas”, disse em nota.
São cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte e região metropolitana e nas capitais São Paulo e Florianópolis. Também são cumpridos outros cinco mandados de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária, 17 mandados de sequestro de veículos automotores e de sete imóveis, além do bloqueio de contas bancárias e criptoativos de 34 pessoas e empresas.
Entre os itens já apreendidos estão relógios, joias e bolsas de marcas de luxo, segundo imagens também divulgadas pela Polícia Federal.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou medidas como a proibição de acesso dos investigados a determinados locais e o contato entre eles. De acordo com o que já foi apurado nos procedimentos em curso, apenas em criptomoedas, as empresas envolvidas no esquema teriam movimentado valores que superam os R$ 60 milhões.
O MPF afirma que essa é a primeira operação decorrente do trabalho coordenado entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Minas Gerais.