Deltan Dallagnol foi chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba entre 2014 e 2020 e deputado federal mais votado do Paraná em 2022.
O ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR).| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou nesta sexta-feira (26) um parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a condenação do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR) ao pagamento de indenização ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do PowerPoint. Em março de 2022, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Dallagnol ao pagamento de R$ 75 mil em danos morais a Lula. Em seguida, o ex-procurador recorreu ao STF para anular a decisão.

No parecer enviado à Corte, o subprocurador Wagner Natal Batista entendeu que a condenação deve ser anulada por violar a jurisprudência sobre a responsabilização de agentes públicos. Batista considerou a responsabilização por irregularidades não é aplicada diretamente ao servidor, que responde pelos fatos somente após a condenação do Poder Público, informou a Agência Brasil.

"O acórdão recorrido concluiu pela legitimidade passiva do agente público, condenando-o ao pagamento de indenização por dano moral, fazendo-o em sentido diametralmente oposto ao que restou fixado em sede de repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal", escreveu.

O caso é relatado pela ministra Cármen Lúcia. Não há prazo para julgamento. Em 2016, o então chefe da força-tarefa da Lava Jato fez uma apresentação de PowerPoint para acusar Lula, que era investigado pela operação, de chefiar uma organização criminosa. Posteriormente, os processos foram anulados após o STF considerar o ex-juiz Sergio Moro parcial na condução da investigação.

Na ocasião, Cristiano Zanin, advogado de Lula, questionou a conduta funcional de Dallagnol. Segundo ele, o ex-procurador e outros integrantes da Lava Jato usaram a apresentação de PowerPoint para acusar o petista de atuar como “comandante e maestro de uma organização criminosa”. Para o STJ, o ex-procurador usou termos desabonadores e linguagem não técnica em relação ao então ex-presidente.