O porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde tem casa o presidente Jair Bolsonaro, prestou depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (19). Ele foi ouvido no inquérito aberto por ordem do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para apurar "tentativa de envolvimento indevido" do nome de Bolsonaro nas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).
Diferente do que relatou em outra oportunidade à Polícia Civil e ao Ministério Público do Rio de Janeiro, o porteiro disse que havia se sentido pressionado quando deu sua primeira versão para o episódio, mas destaca que não houve pressão para mencionar o presidente.
A investigação teve início após a notícia de que um homem chamado Elcio (que seria Elcio Queiroz, um dos acusados pela execução de Marielle) deu entrada no condomínio Vivendas da Barra em 14 de março de 2018 dirigindo um Renault Logan prata. Segundo a primeira versão fornecida pelo porteiro, Elcio teria informado que iria visitar a casa 58, de Bolsonaro. Nesta tarde, à PF, o funcionário também disse que cometeu um erro na planilha. O presidente, à época deputado federal, estava em Brasília conforme registros da Câmara dos Deputados.
Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos há 616 dias - março de 2018 - em circunstâncias até hoje não esclarecidas. A repercussão do caso levou Moro a solicitar, via Procuradoria-Geral da República, a abertura de um inquérito na Polícia Federal para apurar o depoimento do porteiro. Segundo o ministro, há "inconsistências" no depoimento do funcionário, o que poderia classificar o ato como "crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa". Aras aceitou o pedido de Moro e enviou o ofício ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que solicitou a abertura das investigações no dia 06. No mesmo dia, a Polícia Federal abriu o inquérito.