Em meio ao caos na saúde pública de Manaus, com pessoas morrendo asfixiadas por falta de oxigênio nos hospitais do município, os familiares dos pacientes internados precisam correr contra o tempo para garantir, por outros meios, o suprimento necessário para manter seus parentes vivos. Muitos chegam a sair com os cilindros vazios dos hospitais da capital amazonense em busca de locais onde pudessem enchê-los. A crise criou um mercado paralelo de cilindros de oxigênio, fazendo com que empresas cheguem a esconder os produtos para se aproveitar a hiperinflação causada pela escassez.
A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mário Vianna, que trabalha no Hospital Universitário Getúlio Vargas, em Manaus, e está na linha de frente de combate à Covid-19. “As pessoas [estavam] saindo do hospital com cilindro arrastando indo atrás de oxigênio. Um familiar com paciente que precisa do oxigênio faz qualquer negócio. Os valores de cilindros aumentaram absurdamente, como também das medicações, e nós não vemos nenhuma atuação dos órgãos de controle social. Cadê o Ministério Público? Cadê a Polícia Federal? Cadê a Polícia Civil?”, disse.
Fátima Mello, de 60 anos, está com o filho de 39 anos internado no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, que chegou a ser fechado nesta quinta-feira (15), dependendo de oxigênio. Ela conseguiu comprar um cilindro por R$ 6 mil, mas afirmou que os valores estão subindo. “Hoje eu vi anunciando R$ 8 mil o mesmo cilindro, que dura três horas. Entendeu a nossa preocupação? Porque a gente disponibiliza uma quantia dessas para durar três horas e aí não chega o oxigênio [do próprio hospital depois], vai morrer do mesmo jeito”, desabafou. Com informações da Agência Brasil.