O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, se reuniu na segunda-feira (6) com o vice-presidente do Telegram, o russo Ilya Perekopsky, para conhecer as iniciativas que serão implantadas pelo aplicativo para combater a propagação de fake news nas eleições de outubro no Brasil. Durante o encontro, o executivo apresentou algumas das ferramentas que a plataforma de mensagens instantâneas está desenvolvendo e que irá utilizar pela primeira vez no país.
Perekopsky afirmou que o Telegram está adotando exclusivamente no Brasil o monitoramento de conteúdos publicados nos grupos de usuários. Essa é a primeira vez que a plataforma faz esse tipo de acompanhamento e, a partir da experiência brasileira, a ferramenta deverá ser implantada também em outros países “que também enfrentam ameaças à democracia por meio da disseminação de conteúdo falso”, segundo publicação do TSE.
As postagens identificadas como descontextualizadas ou falsas serão marcadas como potencial conteúdo de desinformação e os usuários serão alertados. A publicação então será encaminhada aos canais das agências de checagens de fatos no Telegram para análise e divulgação da informação verdadeira. Os próprios usuários do aplicativo também poderão marcar e denunciar materiais com suposto teor desinformativo para que sejam analisados e eventualmente desmentidos.
O vice-presidente do Telegram reafirmou ao ministro Edson Fachin o empenho da empresa para cumprir a legislação brasileira, em especial as leis que visam garantir a troca de informações verdadeiras e instrutivas e coibir a divulgação de desinformação no processo eleitoral brasileiro. Ele também se dispôs a responder, da forma mais ágil possível, às solicitações do TSE durante a campanha eleitoral. Em março o ministro Alexandre de Moraes determinou o bloqueio do Telegram no Brasil alegando que a empresa não cooperou com as autoridades policiais e judiciais no combate a diversos crimes. Recentemente Moraes afirmou também que as redes sociais foram cooptadas pela “extrema-direita”.
O TSE entregou ao executivo russo uma lista de questões que, segundo o órgão, auxiliariam a Corte Eleitoral no monitoramento e no combate à disseminação de desinformação. Uma delas seria o registro das origens de uma publicação marcada como maliciosa, o que permitiria rastrear um conteúdo falso que tenha sido difundido até identificar a pessoa responsável pela primeira divulgação e provável criação do material. Perekopsky afirmou que não há possibilidade de se atender a algumas das questões apresentadas pelo TSE, dadas as características operacionais do Telegram. Contudo, afirmou que as demais seriam analisadas.