O presidente do TCU, ministro Bruno Dantas| Foto: Samuel Figueira/TCU
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Em publicação no X, nesta terça-feira (6), o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, ameaçou o jornalista Breno Pires após um comentário sobre a atuação de Dantas no comando do Tribunal.

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Pires compartilhou o link de uma reportagem da segunda-feira (5) em que o jornal O Globo noticia a votação de um processo no TCU que pode abreviar “mandatos extras” de presidentes de agências reguladoras.

“O que a matéria não diz é que, em troca disso, o presidente do TCU negocia indicar nomes para agências reguladoras”, escreveu o jornalista no X ao compartilhar a reportagem.

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Em resposta à afirmação do jornalista, Dantas disse que Pires será interpelado criminalmente.

“Espero que na interpelação criminal que proporei o repórter explique melhor o post lacônico. Ainda não será uma ação penal, apenas um pedido de esclarecimentos sobre a acusação que faz. Terá, enfim, a chance de dizer que agência está sendo negociada, com quem, como e quando”, escreveu Dantas em seu perfil no X.

Pires tem publicado uma série de reportagens na revista Piauí sobre a condução do TCU por Bruno Dantas.

O jornalista investiga a atuação do TCU em casos que envolvem negociações com grandes empresas

No dia 11 de julho, Pires publicou uma reportagem sob o título: “A pausa do balcão de acordo bilionários do TCU”.

Na reportagem, Pires destacou a reação de Dantas às críticas aos acordos entre o governo e grandes feitos na SecexConsenso, a secretaria de consenso do TCU.

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Pires ainda explica que a pausa nas negociações se deu em decorrência da um decreto assinado pelo presidente Lula (PT), pela ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos) e pelo ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, em 3 de julho, que criou a Rede Federal de Mediação e Negociação (Resolve).

Dias após a publicação do decreto, Dantas suspendeu temporariamente todas as reuniões das comissões que negociam esses acordos no TCU, comandadas pela SecexConsenso.

Segundo Pires, a suspensão “inflama uma rivalidade cultivada com Messias quando os dois disputaram a indicação de Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, que ficou com Flávio Dino”. 

O jornalista também tem publicado sobre a atuação do TCU no caso da Âmbar, a empresa de energia dos irmãos Wesley e Joesley Batista.

A empresa comprou 13 usinas da Eletrobras, sendo 12 no Amazonas, em uma aquisição que está sendo analisada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). 

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Acontece que a Eletrobras tinha R$ 10 bilhões para receber da Amazonas Energia, sem muita esperança porque a distribuidora, segundo o governo Lula, está quebrada.

Na compra das usinas que vendem energia para a Amazonas, os irmãos Batista assumiram o risco de não receber os R$ 10 bilhões

A compra das 13 usinas foi anunciada em 7 de junho. Dois dias depois, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que ocupava interinamente a Presidência da República durante viagem do presidente Lula, assinou a Medida Provisória 1.232, que favoreceu a empresa dos irmãos Batista.

Com a MP publicada pelo governo, os débitos dessas usinas, em vez de serem pagos pela Âmbar, serão repassados aos consumidores. 

A operação tem sido chamada de “eletrogate” e tratada como mais um escândalo do governo Lula.

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No mês passado, o TCU mandou o governo se explicar sobre o acordo feito com os irmãos Batista.

Segundo o jornalista, a atitude do TCU não passa de "jogo de cena".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]