O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), disse que o discurso de que a direita precisa estar unida em 2026 é “besteira” e “ingenuidade”. Integrante do “Centrão” e figurando na lista de presidenciáveis para tentar desbancar o PT nas próximas eleições, Caiado também questionou a capacidade de articulação política de Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, que propôs candidatura única de centro-direita.
“Isso é um tipo de acordo que qualquer político que tem o mínimo de sabedoria e experiência política não vai tratar agora. Ao menos que não seja do habitat político, né? Isso aí você tem que saber se ele é realmente da política ou se ele é calouro nela [...] É ingênuo, é bobagem, é besteira que não tem pé e nem cabeça. De que a direita tem que estar unida, esquerda tem que estar unida. Então quer dizer que se for nesse tipo de polarização, quem unir o centro ganhou”, disse Caiado em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo (Estadão), neste sábado (16).
O governador também disse fazer oposição histórica ao PT e criticou a reforma tributária proposta pelo governo, mas questionou o posicionamento de governadores do Sul e Sudeste em contraponto ao consórcio formado pelos governadores do Nordeste.
“É uma discussão boba, totalmente fora de conceito e de momento querer essa cizânia. Os bilhões do BNDES, 75% vão para o Sul e Sudeste; 25% vão para o Centro-Oeste, Norte e Nordeste. As obras de infraestrutura feitas pelo governo federal estão exatamente nesse eixo Sul-Sudeste. A industrialização feita no Brasil só atendeu essa região. A reforma tributária inviabiliza hoje o crescimento do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e concentra-se no Sul e Sudeste. Essa é a realidade”, afirmou.
Caiado ainda criticou as constantes viagens de Lula para o exterior e a relação entre o Executivo e o Legislativo.
“Reconheço a importância do cenário internacional. Lógico, eu tenho noção disso. Mas é importante que as pessoas sintam que você está presente, na perspectiva da melhoria da saúde, da estrada, da obra do colégio, do hospital”, disse o governador.
Quando perguntado sobre a questão orçamentária do governo e a liberação de emendas para garantir apoio no Congresso, Caiado disse que a política nacional vive uma indefinição.
“Ou é presidencialismo ou é parlamentarismo, não dá para ter essa condição híbrida. Como é que você vai governar? O cidadão vota no plano de governo do presidente ou do deputado federal? Ele vota no plano de governo do governador ou do deputado estadual? Quem tem plano de governo é o candidato majoritário [...] Eu acho que as coisas têm que ser assim, cada um no seu quadrado e cada um sabendo o que é a sua prerrogativa de poder”, ressaltou.
O governador não poupou nem o seu partido ao criticar a pressão das legendas pelo loteamento de ministérios.
"Essa posição minha é pública. Eu faço questão de reforçá-la aqui agora. (A indicação) cabe ao presidente, cabe ao governador. Com todo o respeito aos poderes, mas isso é prerrogativa do governante", disse Caiado.
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