O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, diz que quer ‘massacrar’ bancos privados em operações de privatização. (Foto: Valter Campanato/ABr)| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Programando a venda de seus ativos e também gerenciando operações de terceiros, a Caixa Econômica Federal está puxando a fila da "redução do Estado" nos bancos públicos no governo de Jair Bolsonaro.

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No Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as coisas estão mais devagar, o que tem desanimado os bancos de investimento. No Banco do Brasil, que tem menos ativos à venda e negócios mais complexos de serem empacotados, a dinâmica é diferente.

A Caixa exerce um duplo papel nesse encolhimento do Estado. Ao mesmo tempo em que prepara a venda de operações que lhe pertencem, como sua área de seguros e a rede de loterias, o banco estatal trabalha como coordenador de operações de privatização.

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Após coordenar a primeira operação de privatização bem-sucedida, com a venda das ações do ressegurador IRB Brasil Re detidas por um fundo governamental, a Caixa já engatilhou a segunda operação nessa função de coordenadora: a venda dos papéis detidos pelo FI-FGTS na Petrobras. A ideia é esvaziar os fundos governamentais, um por um.

Criado em 2007, o FI-FGTS é um fundo de investimento que aplica dinheiro do Fundo de Garantia em obras de infraestrutura (rodovias, portos, hidrovias, ferrovias, aeroportos, energia e saneamento) e empresas que atuem nesses segmentos.

Além da própria Caixa, outros quatro bancos vão coordenar a venda dos papéis que o FI-FGTS tem na Petrobras. São eles: Bank of America, XP Investimentos Morgan Stanley e UBS.

Abertura de capital da área de seguros

Há uma série de ativos na fila da Caixa. Um dos avanços mais recentes foi na área de seguros. A gestão atual do banco estatal, capitaneada por Pedro Guimarães (ex-Brasil Plural), anunciou que iria rever todos os contratos já negociados. Está cumprindo a promessa.

A Caixa conseguiu convencer o sócio francês, a CNP Assurances, a reduzir sua fatia na futura sociedade. Com operações nos ramos de seguro de vida, prestamista (que cobre prestações) e previdência, a Caixa passará a ter 75% de participação, em vez de 60%. Ao mesmo tempo, os franceses tiveram sua fatia reduzida de 40% para 25%. Em troca, o prazo da parceria deverá ser ampliado para que não se perca o acordo avaliado em R$ 4,6 bilhões.

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O mercado aguardava ansioso o desfecho da parceria, já que as demais sociedades que a Caixa quer estruturar em seguros dependiam da negociação com a CNP. Os novos acordos ficarão sob a Caixa Seguridade, holding que concentra as operações do setor no banco. A exceção deve ser a carteira de grandes riscos, da qual a Caixa quer ter apenas 25%. Como exige muito capital, a intenção é atrair um sócio majoritário.

Concluída a reestruturação da área, o objetivo é,
já no segundo semestre, abrir o capital da operação de seguros, nos moldes do que o Banco do Brasil fez com a BB Seguridade. Como esse cronograma se arrasta há quatro anos, especialistas têm dúvidas se será cumprido.

Caixa vai vender loterias, operação de cartões, imóveis, agências...

Na verdade, o ativo da Caixa mais ajeitado para uma oferta pública é a rede de loterias e, por isso, pode ser o primeiro. Depende, porém, de trâmite regulatório. A área de seguros vem na sequência, seguido pelo braço de gestão de recursos e pela operação de cartões. Há ainda imóveis e agências a serem vendidos.

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A desova de ativos por parte da Caixa também deve representar o reforço da sua atuação como um banco de investimentos. A instituição vai atuar como assessor, muitas vezes na condição de líder, em todas as operações. Para exemplificar a ambição da Caixa, Guimarães disse semana passada, durante palestra que vai "massacrar" o Bradesco e o Itaú Unibanco.

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"Esse banco foi massacrado por Bradesco e Itaú [em outras ocasiões]. Então, por que o Bradesco e Itaú podem massacrar os menores e eu não posso massacrar o Bradesco e Itaú? Vou massacrar, sim. Ué, vou massacrar, sim", disse Guimarães.

BNDES e Banco do Brasil têm outro ritmo

Enquanto a Caixa avança, no BNDES o ritmo é mais lento. Por meio da BNDESpar, seu braço de participações em empresas, o banco tem R$ 110 bilhões em ativos que devem ser desovados nos próximos quatro anos. Até agora, porém, nenhum movimento concreto foi feito. "As coisas lá estão devagar", diz o executivo de um banco de investimento.

O Banco do Brasil, por sua vez, deu alguns passos na direção de reduzir ativos que não são essenciais à instituição. Bancos foram contratados para a abertura de capital da Neonergia, da qual são sócios a espanhola Iberdrola e a Previ, que deve ocorrer ainda no primeiro semestre.

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Para o banco Votorantim, BB e a família Ermírio de Moraes escolheram o JPMorgan que irá a prepará-lo rumo à abertura de capital. Quanto ao restante, Rubem Novaes, presidente do BB, diz que não há pressa uma vez que essas tratativas são "complexas e trabalhosas".

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