
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (25) novas regras para a medida provisória (MP) 944, que criou o programa de financiamento da folha salarial de pequenas e médias empresas. A votação foi simbólica pela aprovação do parecer do relator da matéria, deputado Zé Vitor (PL-MG), já que todos os partidos orientaram a favor.
Os deputados começaram a analisar os destaques (pedidos pontuais de mudança), mas não terminaram. A conclusão está prevista para a sessão de terça-feira (3). Depois de finalizada a votação, o texto segue para o Senado.
Os deputados ampliaram de R$ 10 milhões para R$ 50 milhões o teto de faturamento anual das empresas que podem contratar o crédito. Já o valor mínimo de faturamento continua o mesmo: R$ 360 mil. Os parlamentares autorizaram, ainda, que sociedades simples, organizações da sociedade civil e empregadores rurais possam aderir ao programa, desde que dentro do limite de faturamento.
O plenário também aumentou o prazo de financiamento de dois para até quatro meses de até 100% da folha de pagamento. A parcela do salários dos funcionários que pode financiada permanece em até dois salários mínimos.
Os deputados também concederam mais prazo para contratar a linha. As empresas vão poder contratar o empréstimo até 31 de outubro. Pelo texto original, a linha expiraria em 30 de junho.
Já as condições de financiamento permanecem as mesmas: taxa de juros em 3,75% ao ano, com carência de seis meses para começar a pagar e prazo de 30 meses para pagamento, já incluindo a carência.
Outra mudança feita pelos deputados foi permitir que o dinheiro emprestado seja usado, além de pagar a folha, para quitar débitos referentes a condenações trabalhistas transitadas em julgado, inclusive acordos extrajudiciais. Também será permitido usar os recursos para pagar verbas rescisórias pagas ou pendentes de demissões sem justa causa ocorridas até a data de publicação da MP convertida em lei, inclusive eventuais débitos relativos ao FGTS.
Deputados retiram a exigência de folha bancarizada
Os deputados aprovaram, ainda, a retirada de uma das maiores travas para as empresas aderirem ao programa. Elas não precisarão mais ter toda a folha de pagamentos "bancarizada".
Essa era uma exigência da MP original que estava travando o programa, já que muitos pequenos negócios ainda pagam seus funcionários direto no RH, em dinheiro vivo ou por transferência bancária.
Pela nova regra aprovada, as empresas precisam apenas se comprometer a efetuar o pagamento do salário de seus funcionários por meio de transferência bancária. Depois, a empresa precisa mostrar os comprovantes de depósito aos bancos, para evitar fraudes.
Proibição a demissões
A principal contrapartida exigida para a contratação da linha de crédito é a não demissão dos trabalhadores. Foi uma forma que o governo encontrou para tentar diminuir as demissões nesse período de crise.
Havia a expectativa de uma flexibilização dessa exigência, o que ocorreu parcialmente. O relator da proposta, deputado Zé Vitor (PL-MG), manteve a regra em vigor: a empresa que pegar o dinheiro não pode rescindir sem justa causa o contrato de trabalho de seus empregados entre a data da contratação da linha de crédito até 60 dias após o recebimento da última parcela do empréstimo.
Porém, ele estabeleceu que a vedação às demissões se aplica somente à proporção do total da folha de pagamento que tiver sido paga com recursos do empréstimo. Por exemplo: se o empregador optar por financiar o pagamento dos salários de metade dos funcionários, a proibição de demitir será restringida a esse pessoal.
Programa fracassou até aqui
"Segundo dados do Banco Central atualizados até 22 de junho, 107.461 empresas contrataram R$ 4,05 bilhões em empréstimos para bancar o salário de 1.828.322 trabalhadores.
Os números estão bem abaixo da expectativa do governo, que esperava que até 1,4 milhão de pequenas e médias empresas viessem a contratar os R$ 40 bilhões em empréstimo que podem ser oferecidos pelo programa. A linha está disponível desde abril.
A linha de crédito é financiada em grande parte pelo Tesouro (R$ 34 bilhões) e em menor parte pelos bancos privados (R$ 6 bilhões). A operacionalização é do BNDES e o acompanhamento é feito pelo Banco Central. O dinheiro pode ser contratado juntos aos bancos e demais instituições financeiras.
Desafiados, governadores da oposição refutam culpa pela inflação e antecipam debate de 2026
Trump muda jogo político da Europa e obriga países a elevarem gastos com defesa
Preço dos alimentos não cai com ameaças, mas com responsabilidade
A inflação do grotesco: três porquinhos são deixados para morrer em exposição
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião