A Câmara dos Deputados aprovou na tarde desta sexta-feira (7) o projeto que favorece o governo em caso de empates em julgamentos no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). Os deputados rejeitaram todos os destaques apresentados para mudar a proposta. Como a votação do texto foi de forma simbólica, não é possível saber como votou cada deputado. Agora, o texto vai ao Senado.
O Carf é a última instância de julgamento de questões tributárias na Receita Federal. O projeto analisado pelos parlamentares restabelece o chamado “voto de qualidade” nos julgamentos do órgão, dando o resultado favorável ao governo nos casos de empate. Desde 2020, o empate beneficia o contribuinte. A expectativa é que a medida aumente a arrecadação do governo em até R$ 60 bilhões.
O substitutivo preliminar do relator, deputado Beto Pereira (PSDB-MS), mantém o voto de qualidade no texto e incorpora parcialmente acordo realizado entre o governo federal e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o tema, como a redução de multas e juros para o pagamento de dívidas em ações julgadas pelo Carf com desempate a favor da União, informou a Agência Câmara.
Esse acordo foi firmado após a OAB entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Medida Provisória 1160/23, que tratava do voto de desempate. A MP perdeu a vigência sem ser votada.
Assim, se o voto de desempate ocorrer, serão excluídas as multas de ofício; e o Fisco não representará o contribuinte ao Ministério Público por crime tributário. Essa exclusão valerá para os casos já julgados pelo Carf e ainda pendentes de análise de mérito pelo Tribunal Regional Federal competente na data da publicação da futura lei.
O texto retoma parte do conteúdo da MP 1160/23, que perdeu a vigência e não foi votada. O voto de desempate foi invertido a favor do contribuinte desde abril de 2020 pela Lei 13.988/20.
O relator acatou uma proposta apresentada pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que proíbe a antecipação de garantia. Com isso, o texto determina que as garantias apresentadas “somente serão liquidadas, no todo ou parcialmente, após o trânsito em julgado de decisão de mérito em desfavor do contribuinte, ficando vedada a sua liquidação antecipada”.
Pereira não aceitou a proposta do governo para aumentar o limite para acesso ao Carf a processos com valor superior a mil salários mínimos (cerca de R$ 1,3 milhão). O relator decidiu manter a regra atual de 60 salários mínimos (cerca de R$ 79 mil).
Deputados do PL criticaram a aprovação da medida. Para Joaquim Passarinho (PL-PA), o desempate a favor do governo vai prejudicar muito consumidor. "O governo está enganado achando que vai arrecadar muito, já que grandes empresas não vão
pagar multas, elas vão judicializar a questão", afirmou.
Opinião semelhante foi apresentada por Abílio Brunini (PL-MT). Ele considerou muito ruim a mudança no Carf. Para ele, beneficia apenas o governo e prejudica a população.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocou um "esforço concentrado" para analisar as pautas econômicas. Os deputados aprovaram a reforma tributária na madrugada desta sexta. No entanto, análise do arcabouço fiscal deve ficar para agosto.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF