Deputados e senadores decidem nesta segunda-feira (1.º) quem sucederá Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) na presidência da Câmara e do Senado. E a tendência é que os dois candidatos apoiados pelo governo Bolsonaro – o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o deputado Arthur Lira (PP-AL) – sejam eleitos.
No Senado, Rodrigo Pacheco tem amplo favoritismo – especialmente depois de conquistar apoio da maioria dos senadores do MDB, o partido de sua principal adversária, Simone Tebet (MS). A senadora teve de lançar sua candidatura avulsa, por falta de apoio dentro do seu partido.
Na Câmara, o cenário está mais equilibrado. Ainda assim, Arthur Lira, líder do Centrão, é favorito. Mas, como as "traições" na Câmara são frequentes nesse tipo de eleição, Baleia Rossi (MDB-SP) ainda não é carta totalmente fora do baralho.
Na Câmara, aliados de Lira dizem que ele tem votos para vencer no 1.° turno
Até a semana passada, interlocutores de Arthur Lira diziam que ele tinha os votos de 309 dos 513 deputados – número mais do que suficiente para se eleger no primeiro turno.
Como o voto é secreto, é possível que algumas “traições” ocorram. Mas até mesmo deputados e assessores do bloco de Baleia Rossi reconhecem que a possibilidade de Lira vencer a disputa é grande. Um interlocutor da Executiva Nacional do PSL, que apoia Baleia Rossi, admite que o cenário não é favorável para o candidato do MDB (embora a Executiva do PSL apoie Rossi, a bancada do partido está com Lira).
A consultoria Eurasia estimou que Lira deve receber entre 263 e 332 votos, sendo que 257 é o mínimo necessário para vencer ainda no primeiro turno. A aposta na vitória do líder do Centrão aumentou com o apoio maciço do Planalto, que além de prometer cargos a quem votar em seu candidato, liberou R$ 3 bilhões em emendas parlamentares para 250 deputados e 35 senadores, segundo levantamento do jornal O Estado de São Paulo.
Abertamente, a campanha de Lira evita falar em números. O deputado Celso Sabino (PSDB-PA), um dos coordenadores da campanha, afirma que acredita que o candidato do PP conseguirá ultrapassar dos 257 votos. “Devemos conseguir uma margem que vai garantir uma certa tranquilidade para definir em primeiro turno”, diz.
O bloco de Lira é formado por PP, PSL, PL, PSD, Republicanos, PTB, Podemos, Pros, PSC, Avante e Patriota. Sem traições, isso garante a ele um total de 242 votos como bancada. A diferença para os 309 projetados pelo grupo de Lira se explica justamente pela matemática da traição: o número de deputados do bloco do adversário que se comprometeu a votar no líder do Centrão. O próprio Celso Sabino é um "dissidente": seu partido, o PSDB, oficialmente está com Baleia Rossi.
Bloco de Baleia é onde se concentra o maior número de dissidências
O bloco de Baleia Rossi – candidato do grupo do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – é formado por MDB, PT, PSDB, PSB, DEM, PDT, Solidariedade, Cidadania, PCdoB, Rede e PV. Juntos, esses partidos tem 236 deputados. Mas Baleia Rossi já não sabe se conseguirá mais de 200 votos, principalmente se Lira conseguir rachar o bloco do adversário.
Na noite deste domingo (31), o DEM de Maia fez uma reunião executiva e decidiu liberar a bancada para a votação, ainda que o partido tenha capitaneado grande parte do apoio a Baleia Rossi.
Mesmo antes da decisão, nos bastidores, muitos parlamentares do DEM já tinham migrado de Baleia para Lira, assim deputados do PSDB, PSB e Solidariedade. Dos 33 deputados do PSDB, por exemplo, 18 já estão com Lira, diz o tucano Celso Sabino. O líder do Centrão acredita ainda que conseguirá tirar votos do PDT e PT.
De todos os partidos pró-Baleia Rossi que racharam, o caso mais emblemático é o DEM. Isso porque Rodrigo Maia acreditava que conseguiria segurar a maioria dos votos de seu partido para o emedebista. Mas, na quinta-feira passada (28), deputados do DEM simpáticos a Lira se reuniram em um jantar para montar uma lista que pode levar a sigla a integrar formalmente o bloco do líder do Centrão.
Com 15 assinaturas, eles conseguem rachar o partido formalmente e ingressar no bloco do PP. Os partidos têm até às 12h desta segunda-feira para fecharem com um dos blocos. A executiva do partido se reuniu neste domingo (30) para definir a posição final da legenda na eleição para a presidência da Câmara. Até a publicação desta reportagem, o resultado não tinha sido divulgado.
No Senado, margem para surpresas é perto de zero
Enquanto a eleição na Câmara ainda tem alguma possibilidade de reversão de tendência, no Senado ninguém mais aposta nisso – nem mesmo os adversários de Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Na semana passada Simone Tebet (MDB-MS) perdeu o apoio da maioria dos senadores de seu partido – que teriam decidido apoiar Pacheco em troca de cargos na Mesa Diretora. Simone Tebet deixou de ser oficialmente a candidata do MDB e anunciou que vai concorrer à presidência do Senado como candidata avulsa.
Na quarta-feira (28), quando o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB), disse que analisava a possibilidade de liberar os votos da bancada na eleição, o clima já era de vitória de Pacheco. A confirmação de que Simone Tebet vai concorrer com uma candidatura independente só reforçou essa percepção.
A coordenação da campanha de Pacheco contabilizava 45 votos antes do racha do MDB, o suficiente para elegê-lo em primeiro turno – o mínimo para isso são 41 votos. Com a divisão dentro do MDB, que tem 15 senadores, aliados de Pacheco acreditam que ele pode conquistar os votos de até 58 dos 81 senadores.
Formalmente, o bloco de Rodrigo Pacheco é formado por DEM, PSD, PP, PT, Pros, Republicanos, PSC, PDT, e pelos recém-embarcados MDB e Rede. Em tese, isso dá a ele um total de 58 votos.
Uma parte dos votos do MDB, contudo, ainda ficará com Simone Tebet. E a candidatura de Pacheco acredita que poderá compensar isso com votos de senadores do PSDB, que cogitaram apoiar a senadora do MDB, mas agora tendem a embarcar no bloco de Lira.
O próprio líder em exercício do PSDB no Senado, Izalci Lucas (PSDB-DF), acredita que a vitória de Pacheco está “muito bem consolidada”. “Tem todas as condições de ganhar a eleição”, afirma.
Izalci explica a perda de apoios de Simone Tebet. “Primeiro, ela lançou sua candidatura muito tarde. Segundo, a insegurança do próprio partido [o MDB] em apoiá-la.”, diz ele. “Em terceiro, destacaria que, por ter lançado a candidatura antes, o Rodrigo teve mais tempo de articulação, viajou o país, e isso o ajudou muito.”
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