Num movimento semelhante ao que antecedeu a greve de maio do ano passado, caminhoneiros de todo o Brasil começam a se articular pelo WhatsApp para uma paralisação da categoria na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgará a constitucionalidade da lei do piso mínimo para o frete rodoviário, considerada a principal conquista dos caminhoneiros depois do movimento que parou o país em 2018.
Com o julgamento da lei na pauta do dia 4 de setembro no Supremo, os movimentos articulam parar a partir do dia 2, uma segunda-feira. A ideia, segundo as lideranças do movimento, é que os caminhoneiros não carreguem no início da semana do julgamento e que os que já estiverem carregados parem em vigílias em pontos estratégicos como postos de combustíveis ou entradas de portos. Desde o final de semana, circulam nos grupos de Whatsapp vídeos de dezenas de líderes dos caminhoneiros autônomos anunciando a adesão dos profissionais de sua região à mobilização nacional.
“Dia 4 de setembro o STF vai votar a nossa dignidade. Então, nosso apelo é para que, no dia 2, 3 e 4, não carregue. Simplesmente não carregue, tire esses dias para uma vigília. Se estiver carregado, pare no posto. Vamos mostrar nossa união. Foi assim que vencemos em 2018”, diz Fabiano Careca, um dos líderes do movimento em Minas Gerais, em vídeo que começou a circular no sábado.
Um dos representantes paranaenses nas articulações nacionais também soltou seu vídeo na rede. “Querem tirar nosso direito, cassando essa nossa lei. O que queremos fazer não é uma greve, mas um protesto. Não vamos carregar o caminhão, vamos aguardar, tirar uma semana, para pressionar pela garantia desse piso mínimo. Sem conflitos, sem xingar ninguém, vamos encostar nossos caminhões nos postos de combustíveis, fazer protestos com faixas.”
Os caminhoneiros ameaçaram uma paralisação em julho, após a suspensão pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), da nova tabela do frete. O movimento foi desarticulado com a convocação pelo Ministério da Infraestrutura para um grupo de trabalho em Brasília para negociar valores mínimos para o transporte da carga. A ideia do ministério era intermediar um acordo coletivo entre caminhoneiros, transportadores e os principais contratantes do frete, como indústria e agronegócio. A possibilidade do acordo animou os caminhoneiros, que recuaram da ideia de greve, mas os setores “embarcadores” acabaram não apresentando sua proposta para o acordo.
“Até o momento, ninguém assinou nenhum tipo de acordo. Houve recuo tanto do pessoal do agro quanto do pessoal da indústria e eles estão apostando todas as fichas neste julgamento, na inconstitucionalidade de nosso piso”, disse o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Ourinhos-SP, Ariovaldo Junior, em áudio que também circula nos grupos dos caminhoneiros. “No dia 29 de maio do ano passado, sentamos com o governo federal e conseguimos o piso mínimo do frete, além do recuo nos valores do óleo diesel, a isenção do pedágio para o eixo erguido. E isso foi respeitado por três meses, sem nenhum problema, sem nenhuma ressalva, até que se uniram transportadoras e atravessadores e os caminhoneiros foram traídos”, acrescentou.
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