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O secretário-executivo e ministro em exercício da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, informou que o evento que marcará o primeiro ano das manifestações do 8 de janeiro será uma "virada de página" e festejará uma "democracia revigorada". O governo federal pretende realizar um grande ato na Esplanada dos Ministérios para "reforçar a importância da democracia" com um forte esquema de segurança.
"Será um evento para não se esquecer o que aconteceu e unir o país ainda mais em torno dos valores democráticos. Essa é a intenção e tenho certeza que faremos um dia histórico", disse em entrevista, nesta quarta-feira (27) ao programa CB.Poder, do Correio Braziliense e TV Brasília.
Segundo Capelli, "a intervenção federal e a união dos Três Poderes, logo após aqueles atos bárbaros, deram um sinal muito importante". Ele também enalteceu a "atuação firme e determinada do Supremo Tribunal Federal (STF)" ao deixar claro o que é manifestação democrática pacífica. "Reitero que o Brasil é um país livre, democrático e todos podem se manifestar ordeira e democraticamente. Agora, atentar contra as instituições, depredar o patrimônio público, não é aceitável", disse.
Capelli reforçou que o governo já tomou "precauções no que diz respeito (à segurança)", e disse que, até o momento, não há "nada que gere preocupação maior". "Há um trabalho de prevenção, de monitoramento de inteligência, mas, até agora, nada que gere uma preocupação maior", declarou.
Na entrevista, Cappelli também fez um balanço sobre a atuação da pasta em relação à segurança pública, com as recentes vitórias sobre o crime organizado — como duros golpes no giro financeiro de grandes quadrilhas e a prisão do Luís Antonio da Silva Braga, o Zinho, chefe de uma das maiores milícias em atuação no Rio de Janeiro.
"O trabalho da PF segue porque quando se extrai o líder, é preciso continuar para desmontar as conexões e a espinha dorsal da movimentação financeira. É aí que se desmantela, de fato, a organização criminosa — senão, não adianta. Prende-se o Zinho e, daqui a pouco, tem outro "inho". Tem que ir no coração da organização", disse Capelli.
Desdobramentos do 8 de janeiro
Após as manifestações de 8 de janeiro de 2023, que terminaram com depredações nas sedes da Câmara dos Deputados, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, foram presas 2.151 pessoas suspeitas no dia dos protestos e no dia seguinte, 9 de janeiro, no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Logo após os fatos, o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento de Ibaneis Rocha do GDF e mandou prender o comandante da PM do DF, Fábio Augusto Vieira, que estava participando do policiamento em 8 de janeiro, além de Anderson Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro, e na época era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
Uma Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) foi instalada para investigar os responsáveis e os atos de vandalismo aos Três Poderes. O relatório final da CPMI pediu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como autor intelectual da tentativa de golpe e de diversos militares. A oposição apresentou relatório paralelo criticando a omissão do governo e a falta de imagens do dia 8 de janeiro que foram confirmadas pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, e apontaram o fato como "destruição de provas"
Até agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou 30 pessoas pelos atos de 8 de janeiro, com penas que variam de três a 17 anos de prisão. Segundo entenderam os ministros, eles fazem parte do grupo dos chamados "executores" dos atos e que presos dentro das sedes dos Três Poderes. Mesmo com o caso sendo julgado no STF, há a possibilidade de recursos.
No dia 20 de novembro, Cleriston Pereira, de 46 anos, um dos que permanecia preso, apesar de recomendações de soltura pela Procuradoria-Geral da República, morreu durante o banho de sol no presídio da Papuda, em Brasília, onde estava desde janeiro. Após a morte, várias prisões foram revogadas, depois de um acordo com a PGR.