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Carla Zambelli
Deputada Carla Zambelli foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal por contato com o hacker Walter Delgatti.| Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que foi alvo de mandados de busca e apreensão na manhã desta quarta (2) pela Polícia Federal, disse que está sendo usada para a investigação que apura a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) chegar ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A parlamentar foi alvo da Operação 3FA, que também prendeu o hacker Walter Delgatti após declarações de que ele teria sido contratado para tentar invadir as urnas eletrônicas em setembro do ano passado e a conta de email e celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Carla Zambelli negou qualquer envolvimento e disse que os únicos serviços prestados por Delgatti foram para melhorias tecnológicas em seu site. Ela disse que se encontrou com ele apenas três vezes e que o levou para conversar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para oferecer serviços ao partido.

Ao ver que ele tinha um profundo conhecimento de tecnologia e que disse que gostaria de participar dos processos de auditoria das urnas eletrônicas durante os primeiro e segundo turnos das eleições, e que queria conhecer o então presidente, Carla Zambelli o levou para conversar com Bolsonaro.

“Como é sabido, ele foi conhecer o presidente Bolsonaro porque, disse ele, teria muitas informações sobre tecnologia. A conversa foi privada, mas a pergunta que o presidente fez foi se as urnas eram confiáveis, e ele respondeu que nenhum sistema tecnológico é confiável. A partir dali, não houve mais qualquer contato com o presidente Bolsonaro”, explicou a deputada em uma entrevista coletiva na Câmara dos Deputados.

No entanto, Carla Zambelli e o próprio PL negaram, em 2022, que houve um encontro entre Delgatti e Bolsonaro.

Ainda segundo Carla Zambelli, ela nunca ligou para Bolsonaro para falar sobre esse encontro. “A impressão que eu tenho é que estão tentando envolver o presidente através de mim pelo fato de eu ser bastante ligada a ele”, disse.

“Isso não vai acontecer, primeiro, porque não existe nenhuma, absolutamente nenhuma prova e nada que tenha sido feito a pedido do presidente em qualquer coisa. A única coisa que existe é que, depois de tudo isso, e após as eleições, é um pagamento de R$ 3 mil de um prestador de serviços meu no mês de novembro”, disse sobre um suposto pedido de fraude nas urnas eletrônicas após a eleição que deu a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No entanto, na denúncia apresentada ao STF e que a Gazeta do Povo teve acesso, dentro do despacho do ministro Alexandre de Moraes que autorizou a operação, Delgatti cita que o pagamento de R$ 3 mil foi feito em outubro do ano passado por Jean Vilela, ex-assessor de Carla Zambelli, antes da data citada pela parlamentar.

O hacker colocou à disposição das autoridades seus extratos bancários que citam, ainda, o depósito de R$ 10,5 mil feito por Renan Goulart, outro ex-assessor da deputada.

Carla Zambelli, Walter Delgatti, Jean Vilela, Renan Goulart e Thiago Eliezer (auxiliar do hacker na invasão ao CNJ) tiveram os sigilos bancários suspensos por Moraes.

Carla Zambelli reforçou que os pagamentos foram relativos a serviços de conexão das redes sociais com seu site e instalação de sistemas de proteção, e que as verbas saíram de sua conta pessoal, e não da cota de atividade parlamentar disponibilizada pela Câmara dos Deputados.

De acordo com ela, o serviço não chegou a ser terminado e, por isso, deixou de ter contato com Delgatti. Ela afirmou, ainda, que não pediu ressarcimento dos valores pagos por conta de uma situação de dificuldade financeira que o técnico estava passando.

“Ninguém [Bolsonaro e Delgatti] trocou contato, só eu tinha contato do Walter. Vocês estão fazendo especulações envolvendo o presidente a mim”, completou Carla Zambelli aos jornalistas.

A deputada ainda classificou o suposto mandado de prisão falso contra Moraes inserido no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) como uma “brincadeira de mau gosto” e que sabe das consequências que um parlamentar tem ao “brincar com um ministro” do STF, “como aconteceu com o Daniel Silveira”, disse.

Ainda durante a coletiva, Carla Zambelli questionou a segurança das urnas eletrônicas, dizendo que “os Estados Unidos vieram e saíram sem contratar” o sistema, e que os votos não são auditáveis.

Por fim, disse que se colocou à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e provar sua inocência. Ela vai depor à Polícia Federal na próxima segunda-feira (7).

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