A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a baixa representatividade feminina na Corte durante a sessão especial realizada na quinta (7) em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta (8). A magistrada é a única mulher na atual composição do colegiado após a aposentadoria de Rosa Weber, no ano passado.
Cármen fez a crítica logo após o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, lembrar que três mulheres já foram ministras do STF: ela própria, Rosa Weber e Elle Gracie, aposentada em 2011. O magistrado lembrou que foram “poucas”, mas “muito qualificadas”.
“Queremos mais”, exclamou a ministra interrompendo Barroso e sendo aplaudida pela plateia.
A fala foi uma crítica velada à decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de indicar dois homens, no ano passado, para preencherem as vagas abertas após as aposentadorias de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. O petista foi bastante pressionado a indicar mulheres para as vagas, mas acabou optando pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, e pelo seu ex-advogado pessoal, Cristiano Zanin.
As escolhas geraram fortes críticas da sociedade principalmente por conta do reiterado discurso de Lula pela inclusão, diversidade e valorização das mulheres no governo durante a campanha eleitoral.
“A Justiça é representada por uma mulher. A República moderna da França é uma mulher. A própria ideia de Justiça, democracia com a balança, é feminina. No entanto, nós continuamos em desvalor profissional, social e econômico”, disparou Cármen Lúcia durante o discurso.
Ela ainda afirmou que “dizem que nós fomos silenciosas historicamente. Mentira! Nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas”.
A ministra ainda lembrou da violência contra a mulher, que registrou 1,7 mil feminicídios no ano passado, além dos 988 tentados “dos que são notificados”.
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