Um grupo de manifestantes realizou neste domingo (3) uma carreata em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. A manifestação terminou em frente ao Palácio do Planalto, onde o presidente participou do ato. Bolsonaro estava acompanhado pelos deputados bolsonaristas Bia Kicis (PSL-DF), Hélio Negão (PSL-RJ), Caroline de Toni (PSL-SC) e por seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Laura, a caçula. Outros apoiadores do presidente também estavam presentes.
No fim do ato, Bolsonaro disse que deve indicar nesta segunda-feira (3) um novo diretor-geral da Polícia Federal. A troca no comando da PF causou a demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, que acusou o presidente de interferir politicamente na corporação. Um inquérito foi aberto pelo STF para investigar as acusações e Moro prestou depoimento à PF neste sábado (02).
Bolsonaro tentou nomear Alexandre Ramagem, amigo de seu filho, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) para a diretoria-geral da PF, mas foi barrado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Bolsonaro disse que "não engoliu" a decisão.
"Peço a Deus que não tenhamos problemas esta semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição", disse Bolsonaro na manifestação. "Amanhã nomeamos o novo diretor da PF e o Brasil segue seu rumo", completou.
Bolsonaro também disse ter o "apoio constitucional" das Forças Armadas mais de uma vez ao longo da manifestação. "E vocês sabem que o povo está conosco, as Forças Armadas - ao lado da lei, da ordem, da democracia e da liberdade - também estão ao nosso lado, e Deus acima de tudo”, disse na transmissão ao vivo do ato em suas redes sociais. "O Brasil tem tudo para dar certo e o Brasil vai dar certo", completou.
Interação com manifestantes
Bolsonaro permitiu que crianças que estavam na multidão pudessem furar o bloqueio da segurança e chegar perto do presidente, assim como outros manifestantes que também foram liberados a entrar no espaço do Planalto. O presidente, seus filhos e os deputados que acompanharam o ato estavam sem máscaras de proteção. Somente Bia Kicis usava uma máscara, mas ela estava cobrindo apenas o queixo da deputada. A comitiva que acompanhava Bolsonaro trazia uma bandeira do Brasil, uma dos Estados Unidos e outra de Israel.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem a favor de Bolsonaro e contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Havia faixas com os dizeres "Deixem Bolsonaro governar", "Fora Maia" e "Fora STF", por exemplo.
"O que esse povo quer não é fechar o STF e fechar o Congresso, esse povo quer que nosso presidente possa governar”, disse Bia Kicis. "Estamos aqui prestigiando o apoio popular ao presidente Bolsonaro. Estamos aqui para garantir que você, cidadão, volte a trabalhar, volte ao seu direito de ir e vir", disse Caroline de Toni. "Nós queremos voltar a trabalhar", completou a deputada.
Carreata
A manifestação começou com uma carreata por Brasília. De dentro dos carros, os grupos gritavam palavras de ordem contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o Supremo Tribunal Federal (STF). Um carro de som foi usado pelos manifestantes, que gritavam palavras de apoio ao presidente.
No dia em que o Brasil deve provavelmente chegar ao número de mais de 100 mil pessoas contaminadas pelo coronavírus, e atingir 7 mil mortes, os manifestantes furaram o isolamento social e se aglomeraram em frente ao Museu da República e da Catedral de Brasília. É dia de sol e calor em Brasília. Nas calçadas, ambulantes vendiam bandeiras do Brasil. Muitas pessoas também circulavam a pé e de bicicleta pela área.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) acompanhou a movimentação. Brasília tem registrado, até o momento, um número baixo de casos de contaminações e mortes por Covid-19, porque boa parte da população tem respeitado as medidas de isolamento impostas pelo governo do Distrito Federal. Nos últimos dias, porém, tem aumentado o número de pessoas circulando pela cidade, apesar de as estatísticas indicarem que o coronavírus ainda não chegou ao pico em nenhuma região do país. Em todos os locais, os números de casos e mortes são ascendentes.
Neste sábado (2), Bolsonaro saiu do Palácio do Alvorada e visitou cidades de Goiás. O presidente causou aglomerações, abraçou pessoas e disse que as medidas de proteção são "uma irresponsabilidade". Também foi montado um acampamento de apoio ao presidente na Esplanada, em frente ao Congresso Nacional. Com barracas idênticas e aparentemente novas, ele foi descrito por uma deputada bolsonarista como "Sem líderes, sem movimentos, só o povo mesmo, aquele de quem emana todo o Poder, segundo a Constituição que tantos estão a rasgar".
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