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O apresentador de televisão Luciano Huck disse na noite deste sábado (17) que o Brasil precisa "fazer conexões" para sair do marasmo e que, por isso, é necessária a participação de todos. "Não existe salvador da pátria", afirmou ele, que participa do painel "Desafios do Brasil", do Brazil Conference at Harvard & MIT, junto com presidenciáveis como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), o governador de SP, João Doria (PSDB), e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
"Eu acho que o Brasil hoje não lidera nenhuma agenda global. Nesta agenda [do meio ambiente], que poderia ser nossa, a gente está virando neste momento o pária no mundo. A carta que eles [governo Bolsonaro] mandaram para o Biden é uma piada. Se você for ver o que o governo fez na agenda ambiental nos últimos anos, a história de passar a boiada, você lê aquela carta e vê uma peça de humor. O que precisa ser feito está lá, está escrito, mas realmente este governo vai mudar 180 graus a sua política ambiental? Seria ótimo para todos nós, mas, agora, entre a fala e a realidade existe uma imensidão a ser atravessada”, criticou Huck, em referência à carta encaminhada por Bolsonaro para o presidente dos Estados Unidos no último dia 14, e na qual o brasileiro se compromete com o fim do desmatamento ilegal até 2030.
O governo Bolsonaro foi alvo principal dos participantes do evento. "A gente está vivendo um filme de terror", afirmou Huck. "Eu não discordo de nenhuma das falas aqui", observou o apresentador.
Doria e Leite se disseram preocupados com as tentativas do governo federal de cooptar suas polícias. Leite disse que se preocupa com este tema desde que visualizou a tentativa de conectar o governo federal com as polícias dos Estados, durante a reforma da Previdência. O governador lembrou também que o dinheiro para combater a Covid-19 enviado pelo governo federal era uma obrigação constitucional. "Há mentiras, fake news, desestabilização da relação. É uma forma de tentar diminuir poderes de governadores" citou. Para Leite, há uma tentativa repetitiva de colocar as instituições e política sob suspeita. "Temos que estar atentos", avisou.
Na mesma linha, Doria afirmou que o presidente "flerta com o autoritarismo" desde o primeiro mês de mandato. E esta ameaça, de acordo com ele, vai continuar. "Se ele pudesse ser ditador, já teria sido", afirmou. A pergunta sobre a institucionalidade foi direcionada aos dois governadores, mas o ex-ministro Ciro Gomes pediu para comentar o assunto: "O delírio do Bolsonaro é formar uma milícia para resistir de forma armada a uma derrota eleitoral que se aproxima", disse ele.