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Indígenas acompanharam a sessão da CCJ sobre a PEC do marco temporal, nesta quarta-feira (10).
Indígenas acompanharam a sessão da CCJ sobre a PEC do marco temporal, nesta quarta-feira (10).| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senad

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 48/23) que trata da tese do marco temporal. O texto estava na pauta de votação, nesta quarta (10). Porém, houve um pedido de vista coletivo adiando a análise para outubro, depois das eleições municipais.

O adiamento foi anunciado pelo presidente da CCJ, senador Davi Alcolumbre (União-AP), após a leitura do parecer favorável do relator, senador Espiridião Amin (PP-SC).

Os membros da comissão concordaram com o adiamento, diante da perspectiva do funcionamento da comissão de conciliação proposta pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que justamente vai tratar do marco temporal.

Alcolumbre disse esperar que a comissão de conciliação faça uma “construção política de alto nível” e ponha fim à insegurança jurídica e às polêmicas entre os Três Poderes em torno da demarcação das terras indígenas.

A PEC do marco temporal é assinada pelo senador Dr. Hiran (PP-RR) e outros 26 senadores. Pelo marco temporal, já aprovado pela Lei 14.701, de 2023, os povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam ou disputavam na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Agora, senadores tentam garantir a inclusão dessa regra também na Constituição.

Embate sobre o marco temporal

O marco temporal prevê que novas reservas só poderão ser demarcadas em áreas que já eram ocupadas por indígenas na data da promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988. Setores ligados ao agronegócio defendem a tese, já os povos indígenas questionam a legalidade da norma.

Em setembro de 2023, o STF rejeitou o marco temporal. Após a decisão, deputados e senadores aprovaram um projeto de lei em sentido contrário. No dia 20 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetou parcialmente o projeto. Entre os trechos barrados pelo mandatário estava justamente o que estabelecia a tese.

Na sequência, o Congresso derrubou o veto presidencial depois de uma forte articulação da bancada do agronegócio em dezembro do ano passado. Ações contra e a favor da legislação foram protocoladas na Corte. Em abril deste ano, Gilmar Mendes suspendeu todos os processos que discutiam a validade da norma e abriu a conciliação. A questão deverá ser discutida previamente em audiências de conciliação, que devem ser feitas a partir de agosto até dezembro.

Nesta terça-feira (9), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), elogiou a negociação promovida pelo ministro do STF Gilmar Mendes entre interessados favoráveis e contrários à tese. Segundo Pacheco, o Senado já indicou representantes para participar desse grupo de discussão organizado por Gilmar Mendes.

“A solução se dá na aferição de cada caso concreto, sentando à mesa os representantes indígenas, os setores produtivos e as instituições do país. Estou muito confiante em uma solução consensuada”, declarou.

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