A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados retomou nesta quarta-feira (11) a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/2021, que proíbe as decisões monocráticas, aquelas tomadas por um só ministro do Supremo sem a análise do colegiado.
O parecer favorável à proposta foi apresentado no dia 27 de agosto pelo deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS). Porém, não houve prosseguimento na discussão e votação da proposta, por conta do pedido de vista apresentado pelos governistas.
Na reunião desta quarta, os líderes partidários fecharam um acordo de procedimentos para restringir o dia de hoje aos debates sobre o parecer. A discussão sobre a PEC ocorreu após o adiamento da análise do PL da Anistia na comissão.
O relator defendeu a proposta e disse que o texto aprimora o quadro institucional do País “num momento de degeneração”. “Este Parlamento precisa se impor dentro daquilo que lhe é competente, o dever de resguardar as nossas funções legislativas”, disse Marcel van Hattem.
A PEC 8/2023 estava parada na Câmara desde dezembro. O despacho que destravou a tramitação da proposta foi uma reação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), à decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendeu as emendas parlamentares. O ato foi considerado uma intromissão do Judiciário em assuntos da Câmara.
A PEC das decisões monocráticas já foi analisada pelo Senado e, sendo aprovada na Câmara, poderá ser promulgada. Na tramitação da Câmara, a PEC precisa ser aprovada pela CCJ e na sequência segue para análise em uma comissão especial. Somente depois segue para votação em duas sessões no plenário, onde tem que obter a aprovação com no mínimo 308 votos.
A PEC detalha o dispositivo da Constituição segundo o qual, somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial, os tribunais poderão declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público.
Debate contra e a favor
O debate sobre a PEC 8/23 ocorreu de forma alternada, entre os deputados contra e a favor da proposta. A maioria dos contrários ao projeto são aliados do presidente Lula e de partidos da esquerda.
Ao criticar a proposta, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) argumentou que o próprio Supremo já se “antecipou à discussão do Congresso e, em 2022, mudou o seu regimento interno para estabelecer que algumas medidas cautelares decididas monocraticamente devem ser analisadas por colegiado (turma ou plenário) em até 90 dias”.
Já o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) disse que das 202 decisões monocráticas de ministros tomadas até 2022, apenas quatro não foram mantidas. “Esse debate é em torno de quê, dessas quatro decisões?”, questionou.
Por outro lado, os deputados que apoiam a proposta defenderam a iniciativa como uma forma de frear os “abusos” dos STF. Para o deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA) é “razoável” um único ministro do Supremo suspender lei que passou por diversas instâncias antes de ser aprovada na Câmara e no Senado e sancionada pelo Executivo.
“Será que é razoável alguém imaginar que depois de todo esse trâmite, um ministro do Supremo, sozinho, sentado no seu gabinete, pegue aquela lei e, numa canetada só, desfaça o trabalho de 513 deputados, de 81 senadores, do presidente da República?”, questionou.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) também defendeu a aprovação da proposta. Segundo ela, a medida não é “uma agressão a ministro do Supremo, mas uma garantia de direitos fundamentais de qualquer cidadão”.
Com o acordo para a realização do debate, a votação da proposta deve ocorrer somente depois das eleições municipais, já que nas próximas duas semanas haverá um esvaziamento na Câmara devido a reta final das eleições municipais.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF