Para Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, o esforço do Hamas para manter relações com governos e lideranças internacionais pode atribuir ao grupo extremista “um papel central na restauração dos direitos palestinos”. É o que ele afirma na apresentação do livro ‘Engajando o Mundo: a Construção da Política Externa do Hamas’ (Editora Memo), lançado no Brasil em maio.
Escrita por Daud Abdulah, pesquisador do Oriente Médio e ex-integrante do Conselho Muçulmano da Inglaterra (órgão que reúne mais de 500 mesquitas e outras associações religiosas daquele país), a obra busca mostrar o lado “diplomático” do Hamas e seus esforços para divulgar sua causa ao redor do mundo. Também contesta a suposta “deturpação”, por parte do Ocidente, das atividades da milícia palestina, responsável pelo ataque sem precedentes contra Israel registrado no sábado (7).
Em seu texto incluído no livro de Abdulah, Amorim resgata a posição do Brasil durante os dois primeiros governos de Luiz Inácio Lula da Silva, período em que o país reconheceu a palestina como Estado independente. A decisão brasileira foi duramente condenada por Israel e pela comunidade judaica local.
“O presidente Lula e eu defendemos um diálogo amplo e não discriminatório entre palestinos”, diz Amorim, lembrando ainda que o Brasil enviou um representante a Gaza para discutir com autoridades do Hamas. Chanceler de Lula entre 2003 e 2011, Amorim também foi ministro das Relações Exteriores de Itamar Franco e da Defesa na gestão de Dilma Roussef.
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