O ex-ministro Celso Amorim, que atua como consultor pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, disse neste final de semana que o governo está em contato com “pessoas do Hamas” para negociar a saída dos brasileiros que continuam em Gaza a espera de resgate.
Segundo o embaixador, há conversas com integrantes do grupo e que, entre outros motivos, isso faz com que o Brasil siga a definição da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre como classificar o movimento como terrorista.
“Nós estamos empenhados em salvar vidas dos brasileiros em primeiro lugar, o que exige interlocução variada. O nosso embaixador em Ramala ele tem que falar com pessoas ligadas ao Hamas, que são as pessoas que controlam [a Faixa de Gaza], e tem que ter a colaboração deles neste momento”, disse em entrevista à GloboNews na noite deste domingo (15).
Amorim afirmou que o Brasil tem condenado “de forma veemente” os ataques terroristas do grupo, inclusive em postagens do presidente Lula nas redes sociais e na resolução que tenta aprovar no Conselho de Segurança da ONU – que ele diz adotar palavras ainda mais fortes contra o grupo.
A classificação de terrorista, no entanto, diz, poderia prejudicar as negociações, mencionando como outros países definem o grupo.
“Por exemplo, a Noruega não classifica de terrorista até porque precisa negociar se quiser obter a paz. Lembre-se que foi a Noruega que fez o Acordo de Oslo [de dois Estados coexistindo pacificamente], que foi o primeiro acordo que deu esperança de uma paz na região. A Turquia, que é membro da Otan [aliança militar do Ocidente] também não classifica”, disse.
Celso Amorim mencionou, ainda, que a Turquia inclusive recebe representantes do Hamas no país. “Não estou defendendo que esta é a prática certa, só quero dizer que não é uma coisa tão simples”, disse o ex-ministro.
O consultor pessoal de Lula lembrou, também, de que foi pressionado ainda durante o período em que ocupou o cargo de ministro do Itamaraty a classificar as Farc (Forças Armadas Revolucionárias), da Colômbia, como um grupo terrorista – e que também não adotou esta definição.
Ele justificou afirmando que hoje os guerrilheiros ocupam cargos no parlamento colombiano.
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