Sindicatos dizem que democracia não pode ser relativizada e que grupos não aceitaram eleição “pela maioria dos brasileiros”.| Foto: Joedson Alves/Agência Brasil
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Presidentes de oito centrais sindicais brasileiras assinaram uma nota divulgada nesta quarta (8) cobrando que os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023 sejam condenados sem qualquer possibilidade de anistia. A carta conjunta foi emitida no dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandará uma cerimônia em Brasília que tem sido vista pela oposição como uma “cortina de fumaça”.

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De acordo com as centrais, os “ataques golpistas” que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes foram realizadas por “grupos que não aceitaram a eleição de um governo pela maioria dos brasileiros através do voto”.

“Eles almejavam impor, de forma autoritária e violenta, uma ordem paralela. Como descobrimos recentemente, estavam articulados com uma grande conspiração cujo objetivo era repetir o abominável golpe de 1º de abril de 1964”, disseram as centrais (veja mais abaixo).

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O documento, assinado por centrais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Força Sindical, afirma que as “instituições democráticas falaram mais alto” e, naquele momento, “agiram para debelar a usurpação de poder que assombrava a capital federal”.

As centrais afirmam que os trabalhadores precisam defender a democracia “sem relativizá-la em falsas interpretações”. Essa relativização, no entanto, não cita a defesa que Lula chegou a fazer do ditador venezuelano Nicolás Maduro, afirmando que o conceito de democracia é relativo.

“É preciso fortalecer os partidos políticos, o movimento social, as organizações de trabalhadores e as instituições que organizam nosso país. [...] Sem anistia aos golpistas! Não passarão”, completaram as centrais em nota.

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A cerimônia em memória aos dois anos dos atos de 8 de janeiro de 2023 será dividida em quatro momentos e terá, por último, uma espécie de “abraço simbólico à democracia”, com a participação do presidente e de autoridades. No entanto, os presidentes das duas casas do Congresso e o do Supremo Tribunal Federal (STF) não comparecerão e serão representados por vices.

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Veja a nota completa das centrais sindicais divulgada nesta quarta (8).

Há quarenta anos, a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, em janeiro de 1985, inaugurava um novo período para o Brasil e seu povo trabalhador: a redemocratização. Embora eleito por via indireta, Tancredo foi o primeiro presidente civil após o golpe de 1964. Sua eleição marcou o fim da ditadura militar brasileira.

Hoje, 8 de janeiro de 2025, resgatar esta memória reforça nossa consciência sobre o valor de vivermos em um país onde a população é livre para se organizar, para se expressar, para reivindicar mais direitos e melhores condições de vida.

Vivemos, desde 1985, o maior período de democracia, com as instituições funcionando e os movimentos sindical e popular podendo atuar com liberdade.

Entretanto, insistentes reflexos de um passado recente, o bolsonarismo saudoso da ditadura militar, nos alertam para o fato de que a democracia é um sistema em permanente construção, que deve ser cultivado e aprimorado sempre.

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Os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, partiram de grupos que não aceitaram a eleição de um governo pela maioria dos brasileiros através do voto, esse direito tão duramente conquistado. Eles almejavam impor, de forma autoritária e violenta, uma ordem paralela. Como descobrimos recentemente, estavam articulados com uma grande conspiração cujo objetivo era repetir o abominável golpe de 1º de abril de 1964.

As instituições democráticas falaram mais alto e, naquele momento, agiram para debelar a usurpação de poder que assombrava a capital federal.

Todos nós devemos nos envolver nesta causa que é a defesa da democracia, sem relativizá-la em falsas interpretações. É preciso fortalecer os partidos políticos, o movimento social, as organizações de trabalhadores e as instituições que organizam nosso país. Mesmo com todos os desafios que ela apresenta, só em uma democracia podemos lutar e conquistar juntos a valorização do trabalho e o avanço social e humano.

Sem anistia aos golpistas! Não passarão!
Viva os trabalhadores e as trabalhadoras! Viva a democracia!

São Paulo, 8 de janeiro de 2025
Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Tesch Auersvald, presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical
José Gozze, presidente da Pública

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