Centrão do Senado segue o mesmo pragmatismo do bloco da Câmara: principal objetivo é obter cargos e verbas do governo federal.| Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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Principal bloco partidário de sustentação do governo na Câmara, agora o Centrão chegou ao Senado. A formação do grupo envolve negociações para a reeleição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a filiação de senadores e tratativas para a distribuição de cargos e verbas no governo do presidente Jair Bolsonaro.

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A expansão dos domínios do Centrão para o Senado ganha relevância em um momento no qual Bolsonaro também precisa de apoio na Casa que abriga seu filho Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), alvo de investigações no caso das rachadinhas da época em que era deputado estadual no Rio de Janeiro.

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No Centrão do Senado estão nomes que têm formado uma base mínima de apoio a Bolsonaro. Entre os expoentes do Centrão do Senado figuram velhos caciques do Congresso, como Renan Calheiros (MDB-AL), Ciro Nogueira (Progressistas-PI), Eduardo Braga (MDB-AM) Kátia Abreu (Progressistas-TO) e Márcio Bittar (MDB-AC), além de Flávio Bolsonaro e de Davi Alcolumbre.

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Reeleição de Alcolumbre é um dos objetivos do Centrão do Senado

O presidente do Senado, aliás, é quem está montando o grupo com a anuência do Planalto. De um lado, o governo passaria a ter uma base de apoio mais articulada na Casa. E Alcolumbre ganharia mais apoio para se reeleger como presidente do Senado, na eleição interna de fevereiro de 2021.

Alcolumbre precisa de aliados para tentar se reeleger. Atualmente, a Constituição proíbe a recondução dos presidentes da Câmara e do Senado na mesma legislatura, mas Alcolumbre tenta aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para uma manobra que permita sua candidatura.

Uma jogada para garantir isso no STF foi a indicação do desembargador Kassio Nunes Marques para o Supremo. Na última quarta-feira (21), o Senado aprovou a escolha de Marques por 57 votos a 10.

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Os senadores do Centrão do Senado comandaram as negociações para aprovar a indicação do desembargador –, desde a indicação do nome do desembargador (com aval de Flávio e de Ciro Nogueira) até a aprovação. Marques já deu a entender que a decisão sobre a reeleição para a presidência do Senado numa mesma legislatura é um assunto interno da Casa e que o STF não deveria opinar – embora a Constituição a proíba e o Supremo seja a Corte responsável por tratar de possíveis violações ao texto constitucional.

Apesar de estarem unidos no novo Centrão, ainda há divisões no grupo sobre a eleição para a presidência do Senado. Além de Alcolumbre, Eduardo Braga (MDB-AM), outro expoente do Centrão, é apontado como possível candidato.

Historicamente, o Senado sempre foi comandado pelo PMDB, hoje MDB. Desde 1985, o partido só não ficou com a presidência da Casa na atual legislatura e no período de1997 a 2001, quando Antonio Carlos Magalhães (do PFL, hoje DEM) esteve no comando da Casa.

Grupo também está de olho no dinheiro do governo

O Centrão do Senado também está atuando para garantir controle sobre o orçamento da União para 2021. Os senadores Márcio Bittar (MDB-AC) e Irajá (PSD-TO) foram escalados para relatar a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), respectivamente.

Esses dois projetos são os mais cobiçados no Congresso por definir o destino das emendas parlamentares e escolher onde o governo vai gastar. Além disso, Alcolumbre emplacou nove aliados entre as dez vagas destinadas a senadores titulares na Comissão Mista de Orçamento.

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Mas a distribuição de dinheiro público já em 2020 também faz parte das articulações do Centrão do Senado. No dia 7 de outubro, Bolsonaro almoçou com senadores – dentre os quais líderes do Centrão do Senado – na qual foi discutida a liberação de emendas parlamentares.

No almoço, o governo selou a liberação de emendas neste ano e a indicação de recursos para 2021 (em 2020, o governo já pagou R$ 12,8 bilhões em emendas). Bolsonaro aproveitou para gravar vídeos ao lado dos senadores. Em troca, pediu apoio para projetos como o Renda Cidadã, que vai substituir o Bolsa Família.

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No que o Centrão do Senado é igual e diferente do grupo da Câmara

Tanto o Centrão do Senado quanto o da Câmara se caracterizam por serem blocos com integrantes de vários partidos. Além disso, embora ideologicamente sejam mais alinhados com o centro e a direita, o pragmatismo é a principal marca dos dois grupos. O principal objetivo é obter cargos e verbas do governo federal.

Mas há diferenças entre os dois grupos. Na Câmara, por exemplo, DEM e MDB desembarcaram do Centrão em 2020. O racha está ligado à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Casa, além de alianças para a disputa de 2022 ao Planalto. Já o Centrão do Senado conta tanto com o DEM quanto com o MDB.

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Além disso, o Centrão do Senado diz ter mais "pontes políticas". "Existe mais diálogo no Senado inclusive com a oposição", afirma o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO).