O presidente Jair Bolsonaro participa de cerimônia alusiva os 100 dias de governo: partidos querem priorizar PEC do Orçamento impositivo. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil| Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil

O governo não conseguiu barrar o movimento de líderes do centrão na Câmara que querem atrapalhar a votação da reforma da Previdência, prevista para terça-feira (16) ou quarta-feira (17).

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O Planalto quer que a análise da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira etapa do texto na Casa, seja concluída antes da Páscoa, e fez ofensiva para tentar demover parlamentares de atrasar os prazos.

O centrão reúne partidos independentes ao governo do presidente Jair Bolsonaro, como PP, PR, DEM, PRB, Solidariedade e Podemos. Líderes desse grupo querem que a CCJ vote a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento impositivo antes da reforma da Previdência.

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Integrantes desses partidos foram procurados pelo líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO). O interlocutor do presidente, no entanto, não obteve sucesso. "A PEC do Orçamento impositivo é prioridade", disse, nesta quinta-feira (11), o líder do PR, Wellington Roberto (PB).

"O Podemos quer garantir a aprovação da PEC do Orçamento impositivo, que é a proposta consensual", afirmou o líder da sigla, José Nelto (GO).

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), admitiu a possibilidade de pautar a PEC do Orçamento impositivo antes de dar continuidade ao debate da reforma da Previdência no colegiado.

"Minha posição é de que a prioridade é a Previdência. Como todos os líderes estão pedindo para pautar rapidamente a impositiva, sem prejudicar a Previdência, vou avaliar até amanhã (sexta) esta inclusão na pauta", disse.

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Em meio ao embate entre Câmara e Palácio do Planalto, deputados desenterraram esse texto de 2015 que engessa ainda mais o Orçamento federal, dando mais poder para os parlamentares, que elaboram o plano de gastos públicos para cada ano.

Vitor Hugo e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), tentam garantir que a PEC da reforma da Previdência seja aprovada na CCJ até terça.

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"Não quero demover o centrão a tentar votar a PEC do Orçamento impositivo, quero construir um acordo para que a CCJ aprove as duas PECs na próxima semana. O governo não quer que a votação da reforma da Previdência seja atrasada", afirmou Vitor Hugo.

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Por causa do feriado de Páscoa, há risco de não haver quórum para votar a proposta. Integrantes do centrão e da oposição a Bolsonaro, portanto, podem trabalhar em conjunto para que o texto que altera as regras de aposentadorias seja votado apenas depois da Páscoa.

Nesta terça (9), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se afastou da articulação da reforma depois de brigas com Bolsonaro, fez um apelo aos líderes partidários para que não atrapalhassem a votação na comissão.

Os partidos toparam trabalhar para que o mérito do texto não seja mexido, mas têm se movido ainda para atrapalhar os prazos.

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Líder do governo diz que Previdência pode ficar para 2º semestre

Lideranças do governo Bolsonaro prestaram informações contraditórias nesta quinta-feira (11) sobre o prazo para votar a reforma da Previdência.

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O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), afirmou que a análise em plenário pode ficar para o segundo semestre deste ano. O ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), por sua vez, cravou que a votação até julho.

"A gente quer que seja antes do término deste semestre ou início do semestre que vem", afirmou Vitor Hugo. Segundo o líder, "pode ser" que fique para agosto ou depois. "A gente não quer fazer nada açodado. Se for estudar quantos dias levou a proposta do Lula e do FHC, foram muitos dias, mais de cem dias", disse. "Não precisa fazer nada de maneira açodada para atropelar os prazos."

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Onyx deu declaração diferente. "A aprovação da Nova Previdência seguramente acontecerá no primeiro semestre ainda, porque ela é a favor dos brasileiros, o Brasil entrará no portal da prosperidade", afirmou.

Criticado por congressistas do PSL e de outros partidos, Vitor Hugo tem a permanência na função de líder frequentemente contestada para conduzir a tramitação da medida. Mas ele diz que resistência à reforma da Previdência não é restrita à sua atuação. "Extrapola a questão da liderança do governo na Câmara,  é algo muito maior", afirmou.

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Deputado entra com mandado de segurança no STF contra CCJ

O deputado Afonso Motta (PDT-RS) entrou com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra ato do presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR). Motta quer conseguir na Justiça o direito de apresentar destaques supressivos à proposta da reforma da Previdência no colegiado. Ou seja, ele quer que os deputados possam rejeitar trechos da matéria e não precisem votar necessariamente pela integralidade do projeto.

No início da reunião de terça-feira na CCJ, onde foi lido o parecer do relator, deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), Motta apresentou uma questão de ordem pedindo que o colegiado aceitasse os chamados destaques supressivos à proposta.

Francischini, no entanto, leu uma resposta formal ao pedido do parlamentar do PDT reiterando sua posição de não aceitar os destaques e reforçou ainda que as emendas à PEC só deverão ser apresentadas na comissão especial, que é a próxima fase na qual a reforma irá tramitar.