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Crise na Abin

CGU abre processo contra servidores da PF investigados na “Abin paralela”

Abin
Investigação pretende apurar atuação de servidores no caso de suposta espionagem de autoridades durante gestão de Ramagem na agência. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

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A Controladoria-Geral da União (CGU) anunciou a abertura de processos administrativos disciplinares contra três servidores da Polícia Federal (PF) investigados no caso que ficou conhecido recentemente como “Abin paralela”. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta (11).

Marcelo Araújo Bormevet, Felipe Arlotta Freitas e Eliomar da Silva Pereira serão investigados por se ausentarem do serviço por mais de 60 dias entre 2021 e 2022, período em que estiveram cedidos à Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Bormevet é agente da PF desde 2005 e está suspenso de exercer as funções públicas devido a uma decisão do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida em 25 de janeiro de 2024. Já Freitas também foi afastado pelo magistrado e esteve cedido à Abin durante a gestão de Alexandre Ramagem, entre 2019 e 2022.

Pereira também esteve cedido à Abin sob a direção de Ramagem entre 2021 e 2022, lotado no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para a Segurança das Comunicações (Cepesc).

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Os processos administrativos disciplinares, diz a CGU, analisarão as condutas dos servidores, garantindo-lhes o direito à ampla defesa e ao contraditório. O prazo de conclusão dos trabalhos é de 60 dias, podendo ser prorrogado por igual período.

Os três agentes são investigados no âmbito da descoberta do que seria um esquema de espionagem ilegal de autoridades pela Abin com o uso de um programa secreto – chamado de FirstMile – que monitorava aparelhos celulares de alvos pré-determinados.

O esquema foi alvo de duas operações da Polícia Federal desencadeadas em outubro do ano passado e em janeiro deste ano, sendo que esta última mirou Ramagem, que hoje ocupa o cargo de deputado federal pelo PL-RJ.

Ramagem foi o diretor-geral da Abin no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e disse que determinou uma auditoria formal em todos os contratos ao assumir o cargo em 2019 e que a análise levou a um pedido de correição na Corregedoria-Geral da Abin. A operação da PF de que ele foi alvo foi resultado do “trabalho de austeridade promovido na nossa gestão”.

O programa foi adquirido no final da gestão de Michel Temer (MDB) em 2018 e utilizado até parte do terceiro ano do governo Bolsonaro. Na época da operação Última Milha, em outubro de 2023, a Abin informou que o contrato para uso do software foi encerrado em maio de 2021 e "não está mais em uso".

A agência informou, ainda, que instaurou um procedimento para apurar o caso e que atendeu a todas as solicitações feitas pela PF e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O FirstMile utilizava dados de GPS para monitorar a localização de pessoas através de telefones celulares e tablets, e tinha capacidade de inspecionar até 10 mil aparelhos a cada 12 meses. O programa ainda emitia alertas sobre a rotina de movimentação dos alvos, mas não grampeava o conteúdo de conversas ou mensagens.

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