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O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (14) que o Brasil vai manter o posicionamento sobre Israel e que, mesmo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparar a guerra contra o terrorismo com o nazismo na Segunda Guerra, as relações diplomáticas entre os dois países "vão sobreviver". A declaração foi dada durante participação de Vieira na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) do Senado Federal e Vieira tentou subestimar os ataques de Lula.
"O embaixador de Israel no Brasil e o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foram informados que o Brasil reagirá com diplomacia sempre, mas com toda firmeza a qualquer ataque que receber agora e sempre. Estou seguro que as relações do Brasil com Israel e nossa amizade com o povo israelense sobreviverão ao comportamento do atual governo de Israel", disse Vieira.
O chanceler foi convidado a prestar esclarecimentos após as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra Israel. Além de ter acusado Israel de cometer genocídio contra o povo palestino em mais de uma ocasião, a declaração do petista em que ele compara a contraofensiva de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza ao Holocausto, foi a que mais gerou ruídos entre os dois países.
Ao tocar em um ponto sensível ao povo israelense, tendo em vista que o Holocausto matou mais de seis milhões de judeus, o governo de Israel chamou o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, para prestar esclarecimentos sobre o que foi dito — a atitude não é muito bem vista no meio diplomático. Em um ato fora do protocolo, Meyer foi ao Memorial do Holocausto de Jerusalém – chamado também de Yad Vashem — onde foi informado de que o governo israelense passou a classificar Lula como uma “persona non grata” no país.
Para Vieira, as reações de Israel às falas de Lula foram "desrespeitosas, lamentáveis, indecorosas e descabidas". "Lamento que a chancelaria de Israel tenha agido de forma desrespeitosa a um chefe de Estado de um país amigo, o presidente Lula. Reputo igualmente lamentável o tratamento indecoroso e descabido dado ao embaixador do Brasil no país, Frederico Meyer, que atendeu de boa fé a uma convocação da chancelaria israelense. São práticas páginas que desabonam a prática diplomática internacional", disse.
Os membros da comissão, presidida pelo senador Renan Calheiro (MDB-AL), questionaram Vieira sobre as falas de Lula contra Israel, bem como sobre o conflito na Europa entre Rússia e Ucrânia e o acordo binacional Brasil-Paraguai sobre a Usina Hidrelétrica de Itaipu, além da situação eleitoral na Venezuela. O foco, contudo, foram os conflitos internacionais em curso no mundo.