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O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ), preso neste domingo (24) suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, integrou o governo do prefeito Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, até janeiro deste ano. Paes é um dos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na capital fluminense.
Brazão ocupou o cargo de secretário da Secretaria de Ação Comunitária de outubro de 2022 a fevereiro deste ano como parte do acordo político articulado por Paes para a gestão municipal. O prefeito ainda não se pronunciou sobre as prisões deste final de semana.
A própria prefeitura do Rio reconheceu, em nota neste domingo (24), que a escolha de Brazão para a pasta foi uma decisão do partido Republicanos, que posteriormente o substituiu diante das especulações sobre seu envolvimento no caso Marielle. No entanto, Brazão era filiado ao União Brasil, que o expulsou horas depois da prisão.
“O Partido Republicanos, ao estabelecer aliança com a administração municipal, escolheu no final de 2023 o deputado federal Chiquinho Brazão como representante da legenda para ocupar a Secretaria de Ação Comunitária”, disse a prefeitura em nota.
O deputado Chiquinho Brazão é irmão de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio (TCE-RJ), e também suspeito de envolvimento na morte de Marielle. Figura conhecida na política carioca, Chiquinho foi vereador por 12 anos antes de assumir o cargo no Congresso, sendo colega de Marielle Franco na Câmara Municipal do Rio.
Sua nomeação para a Secretaria de Ação Comunitária foi realizada pelo próprio partido, o Republicanos, que posteriormente o exonerou “quando surgiram especulações sobre o caso”.
O envolvimento de Chiquinho Brazão no caso Marielle veio à tona por meio da delação de Ronnie Lessa, autor dos disparos que tiraram a vida da ex-vereadora. A família Brazão já era mencionada como suspeita desde o início das investigações, principalmente Domingos Brazão.
A posse de Chiquinho Brazão como secretário de Ação Comunitária ocorreu em 30 de outubro de 2023, em um momento em que não havia indícios formais de seu envolvimento no crime. No entanto, a suspeita sobre irmão já era objeto de investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A posterior exoneração de Chiquinho Brazão se deu em meio às novas informações ligando o caso Marielle à família Brazão. A entrada no secretariado de Paes foi parte de uma movimentação política visando à reeleição do prefeito.
A aliança com o Republicanos, que apoiava o governo federal na época, foi crucial para a nomeação.