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Articulação

Cidadania racha por entrar na base do governo e Freire pode sair da presidência

Roberto Freire
Reunião tensa no fim de semana aprovou resolução que pode tirar Roberto Freire do comando do Cidadania após 31 anos. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado / arquivo)

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Um grupo de 13 dirigentes do partido Cidadania aprovou neste final de semana uma resolução que pode tirar o ex-deputado federal Roberto Freire da presidência da legenda após 31 anos de comando. A decisão saiu após uma reunião acalorada da Executiva Nacional que teve, entre outros motivos, a entrada do partido no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A mudança pode ocorrer se for cumprida a resolução aprovada por 13 votos a 10 no último sábado (19), estabelecendo que o Diretório Nacional da agremiação decidirá em 9 de setembro sobre a eleição de uma nova Executiva Nacional. Devido a uma mudança recente no estatuto, Freire não pode se reeleger.

Enquanto o Diretório Nacional do Cidadania declarou apoio ao governo Lula, uma bancada de cinco deputados federais anunciou independência, buscando alinhamento à direita e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

O partido está em negociações com o governo e pode entrar na reforma ministerial que está sendo costurada pela articulação do presidente para aumentar a base de apoio na Câmara dos Deputados. No entanto, o PSDB, que faz parte da confederação, já se declarou oposição ao governo.

Os tucanos são, ainda, criticados pelo Cidadania por conta do tempo de televisão e dos fundos partidários, o que teria levado à saída de três senadores desde março do ano passado.

Durante a reunião, Freire reclamou de que uma eleição antecipada da Executiva fosse uma tentativa de expulsá-lo do partido com o objetivo de “aderir ao governo Lula”, e que vai considerar a reunião de setembro como legítima, segundo disse ao jornal O Estado de São Paulo.

A tensão na reunião levou a trocas de acusações e xingamentos, com Freire ordenando um “calar a boca” a dirigentes e proclamando, aos gritos, que querem removê-lo da “presidência da República”, em um ato falho. Em um vídeo do encontro remoto vazado ao jornal, também foram ditas palavras como “caudilho”, “picareta”, “cínico” e “vagabundo”, entre outras críticas.

O secretário-geral do Cidadania, Regis Cavalcante, ressaltou que as ações de Freire estão paralisando o partido, impedindo a implementação das decisões da Executiva e do Diretório Nacional. Ele afirmou que o objetivo não é expulsá-lo, mas que o partido “deixou de ter vida coletiva”.

O deputado federal Alex Manente, tesoureiro da sigla e próximo a Arthur Lira, expressou preocupação de que as disputas internas afetem o desempenho do partido nas eleições municipais de 2024 e possam levar à perda do controle sobre o fundo partidário. Ele votou com o grupo derrotado na reunião.

A reunião culminou com Nonato Bandeira, dirigente do Cidadania na Paraíba, acusando Freire de ter arruinado o partido e alegando que a falta de compostura o desqualificava para liderar a sigla. “Tenha compostura de presidente. Você perdeu a compostura e quem perde a compostura não tem condições de liderar”, completou.

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