Federação vigorava desde as eleições de 2022 e não foi vantajosa para o Cidadania, disse o presidente do partido.| Foto: divulgação/Cidadania
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O Diretório Nacional do Cidadania anunciou neste domingo (16) o encerramento da federação com o PSDB desde as eleições de 2022. Naquele ano, os partidos se uniram para alcançar as regras da cláusula de barreira.

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O rompimento ocorre no momento em que o PSDB negocia com outros partidos para se manter em pé após diminuir espaço na política nacional nos últimos anos. A legenda não comentou o fim da federação.

“A federação é passado. Vamos em frente, retomando o protagonismo de nossa identidade, que deve apontar para onde o Cidadania pretende caminhar”, disse o presidente nacional do partido, Comte Bittencourt.

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Durante a reunião deste final de semana, membros do diretório nacional do Cidadania relataram insatisfação com os resultados da federação com os tucanos, relatando dificuldades na convivência e prejuízos para a legenda, que teria perdido representação em câmaras estaduais e federais, além de vereadores e prefeitos.

Na última eleição para a Câmara dos Deputados, a federação conquistou apenas 18 cadeiras, sendo 13 do PSDB e 5 do Cidadania. Ficou a frente do PDT (17) e do PSB (14), mas atrás de partidos que os tucanos negociam uma fusão, como o PSD e o MDB, com 42 cada.

Bittencourt afirmou que a necessidade agora é definir uma estratégia para as eleições de 2026, seja disputando de forma independente ou formando uma nova federação dentro do chamado “campo democrático”. Para ele, o momento exige um fortalecimento interno, com investimento na organização partidária nos estados e um debate amplo, preservando as diferenças.

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Já para os lados do PSDB, uma definição do caminho a ser adotado sem o Cidadania sairá nos próximos meses. Em meados de fevereiro, o presidente do partido, Marconi Perillo, reconheceu que os tucanos cometeram erros na última década.

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“Temos conversado sobre o que é melhor do ponto de vista de fusão ou incorporação. Pra muitos, o ideal seria a gente continuar solo, o PSDB mantendo as nossas bandeiras, nosso ideário, o nosso programa. Mas, a gente ficou pequeno por conta de uma série de equívocos ocorridos tempos anteriores e também pela longevidade”, disse em entrevista à GloboNews.

Entre os partidos que o PSDB negocia está o PSD, que ganhou recentemente a governadora pernambucana Raquel Lyra, que deixou o tucanato com fortes críticas. Ela foi recebida com festa e reforçará o palanque do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha à reeleição no ano que vem.

“[Raquel] Lyra faz parte do palanque da vitória de Lula na reeleição, e todos os ministros estarão ao lado dela”, disse o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, a jornalistas durante a cerimônia de filiação de Lyra na semana passada.

Perillo afirmou que o PSDB minguou nas últimas eleições e hoje conta com apenas três senadores e 18 deputados através da federação que fez com o Cidadania. Para ele, o partido ocupa o chamado “centro democrático” com programas econômicos mais liberais junto de sociais mais consistentes.

“Hoje algumas lideranças importantes desejam que façamos uma fusão, eu diria que boa parte do partido não quer incorporação, acha que o partido não deveria morrer. Ou se fizermos uma fusão, a gente pode manter todo o nosso ideário, discutir um novo projeto e programa do centro-democrático saindo dessa polarização entre extrema-direita e extrema-esquerda”, pontuou.

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Marconi Perillo também reconheceu que, após a Operação Lava Jato e as eleições de 2018, o PSDB não teve tanta força como o PT para se reabilitar na política, por conta da própria base de criação dos partidos. Enquanto os tucanos surgiram dentro do próprio Congresso como uma dissidência do MDB, o PT nasceu do movimento sindical e manteve a militância aliada.