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Pagamentos milionários

Cidades sem produção de petróleo recebem royalties milionários com aval da Justiça, diz jornal

Barra de São Miguel
Entre as cidades beneficiadas pelo esquema está Barra de São Miguel (AL), que recebeu R$ 14,5 milhões sem ter instalações de embarque de petróleo e gás. (Foto: Sedetur/AL)

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Pelo menos 21 cidades dos estados do Amazonas, Pará e Alagoas já teriam recebido R$ 125 milhões em royalties pela extração de petróleo e gás mesmo sem produzir com autorização de desembargadores do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), segundo uma apuração do jornal O Estado de São Paulo publicada nesta terça (25).

De acordo com a reportagem, os processos teriam sido conduzidos por um lobista condenado por estelionato e investigado por lavagem de dinheiro, que teria coordenado advogados recém-formados e sem experiência no setor. O grupo já teria faturado R$ 25,7 milhões em honorários com o esquema.

Entre as cidades beneficiadas pelo pagamento indevido de royalties está Barra de São Miguel (AL), administrada pelo prefeito Benedito de Lira (PP-AL), pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

O jornal apurou que o lobista Rubens de Oliveira esteve no gabinete de Lira dois meses antes dos recursos que estavam bloqueados começarem a ser liberados. Com a decisão, a cidade ganhou R$ 14,5 milhões como se tivesse uma “instalação de embarque e desembarque de petróleo e gás” mesmo sem ter. Até então, recebia em torno de R$ 237 mil por apenas estar em uma zona de produção de petróleo.

A Gazeta do Povo procurou o gabinete pessoal de Lira, a Câmara dos Deputados e o TRF1, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem. A prefeitura de Barra de São Miguel foi procurada ainda pelo Estadão, mas não se pronunciou.

Outra cidade beneficiada pelo esquema foi o município amazônico de Nhamundá, que conseguiu receber R$ 15,2 milhões em royalties sem ter qualquer tipo de produção de petróleo e gás.

Dinheiro sai de estados produtores no Sudeste

Segundo a apuração do Estadão em cima de 13,5 mil páginas de processos, Oliveira atua convencendo prefeitos a contratar escritórios individuais de advocacia controlados por ele para reivindicar, na Justiça Federal de Brasília, o direito a altas parcelas de compensação financeira com royalties de petróleo, pagas efetivamente a estados produtores como Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Em troca, o grupo ganha 20% de tudo o que as cidades arrecadam a partir das decisões judiciais, ainda que as sentenças sejam derrubadas depois. Os honorários são divididos entre o lobista, a mulher dele – dona de uma loja de cestas de café da manhã – e o primo, além dos advogados.

As decisões favoráveis teriam sido dadas pelos desembargadores Carlos Augusto Pires Brandão; Daniele Maranhão e Antônio Souza Prudente. O TRF1 não respondeu aos questionamentos da reportagem.

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