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O presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, disse na terça (11) que chegou a ser convidado para conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a agora derrubada medida provisória que restringia a compensação de créditos do PIS/Cofins.
Ele, no entanto, recusou o encontro pedido pelo próprio Lula, segundo informou o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan. Martins disse que não quis – e não quer – se encontrar com o presidente.
“Eu não quero falar com o presidente Lula. Eu me recuso a falar com o presidente Lula, porque nós estamos vivendo um desgoverno”, disparou em entrevista ao UOL.
João Martins cobrou o Legislativo a tomar alguma providência contra o governo, afirmando que “está na hora da gente dizer que o país precisa de um plano para poder se desenvolver. O país não pode ficar à mercê do momento que o agro vai bem, o país vai bem”. Para ele, é preciso “darmos um basta nesse governo”.
As declarações ocorreram pouco antes do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), devolver ao governo a medida provisória imposta pelo ministro Fernando Haddad, da Fazenda, para compensar a desoneração da folha de pagamentos. A expectativa do Planalto era arrecadar até R$ 29 bilhões com a tributação que impactaria toda a cadeia produtiva, principalmente alimentos e combustíveis.
A devolução da medida provisória foi negociada ao longo de todo o dia e com o consenso do governo através do líder de Lula na casa, o senador Jaques Wagner (PT-BA), que estava ao lado de Pacheco durante o anúncio.
Pouco depois, Haddad reconheceu que a equipe econômica não tem um plano B para compensar a desoneração da folha. “Nós não temos [plano B]. E Nós estamos preocupados porque identificamos fraudes nas compensações de PIS/Cofins. Vamos ter que construir uma alternativa para combate às fraudes”, comentou.
A interlocutores, Pacheco disse que conversou com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para tentar encontrar uma alternativa de fonte de recursos para compensar os tributos que deixam de ser arrecadados pelos 17 setores da economia beneficiados pela medida.
Apenas neste ano, a desoneração custará R$ 26,3 bilhões aos cofres públicos.