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Eleições de 2024 e 2026

Com possível inelegibilidade, Bolsonaro traça estratégias para seguir na política partidária

Presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e ex-presidente Jair Bolsonaro articulam intensificar presença do partido nos estados (Foto: Beto Barata/Partido Liberal)

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O início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta quinta-feira (22), levanta o questionamento de qual será o caminho do ex-presidente caso seja considerado inelegível pela Corte. Seja apoiando um candidato nas eleições de 2026, ou cabo eleitoral para o pleito municipal de 2024, Bolsonaro já traça planos para continuar na política partidária.

O ex-mandatário é acusado de abuso de poder político e dos meios de comunicação por realizar uma reunião com embaixadores em 2022. No evento, Bolsonaro criticou a falta de transparência do sistema eleitoral.

O ex-presidente poderá adotar a mesma estratégia utilizada pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2018, à época preso pela Operação Lava Jato, ao postergar o anúncio do escolhido para substituí-lo naquela disputa eleitoral. O atual ministro da Economia, Fernando Haddad, foi confirmado como o nome do PT às vésperas da data limite do registro de candidatura. Na avaliação de uma fonte do PL, Bolsonaro seguirá essa linha para se resguardar e também para não desgastar o futuro candidato do pleito de 2026.

Com a inelegibilidade dada como quase certa, opinião tida pelo próprio Bolsonaro, o PL também trabalha para escolher um sucessor para a eleição presidencial de 2026. Nos bastidores, o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos); o governo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD) seriam nomes cotados para assumir a posição de Bolsonaro.

Apesar de Tarcísio de Freitas ser considerado o nome natural para suceder Bolsonaro, o ex-presidente entende que seu ex-ministro deverá tentar a reeleição ao governo de São Paulo. No caso do governador Zema, que pertence ao Novo, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já abriu conversas para uma possível troca partidária.

Já no caso de Ratinho Jr., aliados temem que a candidatura fique inviabilizada pela proximidade do PSD com o governo Lula. Entretanto, ainda não há consenso sobre o nome a ser definido pelo partido.

Além disso, a expectativa no PL é de que o ex-presidente atue como cabo eleitoral para as próximas eleições municipais e reforce a presença da legenda nos estados. Atualmente, o Partido Liberal conta com 343 prefeitos e, segundo fontes da legenda, o objetivo seria eleger mais de 1000 gestores municipais.

Bolsonaro planeja viagens e reforço na atuação no PL

Além das atividades partidárias, o ex-presidente já planeja viagens pelo Brasil para falar sobre a inelegibilidade. Ainda nesta quinta, ele esteve em Porto Alegre para agenda política com aliados da região Sul. Também estão previstas viagens internacionais para encontros com lideranças de direita, como presença no Foro de Madrid – evento que reúne partidos de direita.

A presença da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também é esperada nesses compromissos. Ela chegou a ser cogitada como possível sucessora de Bolsonaro na disputa de 2026, mas o partido estuda lançá-la ao Senado Federal.

A atuação diária do ex-presidente na sede do PL, em Brasília, também será um dos compromissos, caso seja declarado inelegível. Desde o retorno ao Brasil, em março, ele tem participado de reuniões com Valdemar Costa Neto e demais aliados.

Além disso, ele reforçou o trabalho partidário ao filiar aliados que disputarão as eleições municipais no ano que vem. O ex-ministro da Saúde Eduardo Queiroga será o candidato do partido pela prefeitura de João Pessoa (PB). Já o deputado federal André Fernandes deverá disputar a prefeitura de Fortaleza (CE).

As recentes movimentações do ex-presidente demonstram uma tentativa de reunir a direita em torno do partido e manter a base aliada ativa. Após um longo período no exterior, o ex-presidente começa a restabelecer conexões com o eleitorado.

Julgamento volta na próxima terça-feira (27)

A sessão desta quinta-feira iniciou com a leitura do relatório do ministro Benedito Gonçalves, relator da matéria. Em seguida, a acusação e defesa apresentaram suas teses e o Ministério Público leu seu parecer. O julgamento foi suspenso por volta do meio-dia e será retomado na próxima terça-feira (27).

O presidente da Corte Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, suspendeu a sessão porque os magistrados tinham outras agendas no período da tarde, como a sessão de julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) da tarde desta quinta, que debate a constitucionalidade do juiz de garantias.

A próxima sessão contará com o voto do relator e os votos dos ministros Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, a vice-presidente do TSE, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e, por último, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

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