A líder indígena e deputada federal eleita Sônia Guajajara assumiu nesta quarta-feira (11) o comando do Ministério dos Povos Indígenas. Durante a cerimônia, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Anielle Franco assumiu o comando do Ministério da Igualdade Racial.
Lula só tinha comparecido à posse do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), no comando do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No final da cerimônia, o chefe do Executivo sancionou a lei que equipara o crime de injúria racial ao crime de racismo.
Mesmo com a Esplanada dos Ministérios fechada devido às novas ameaças de protestos violentos, a solenidade teve fila para a entrada dos convidados. Os eventos estavam marcados para segunda (9) e terça (10), mas foram adiados após os danos causados no Palácio do Planalto durante os atos de vandalismo do último domingo (8). A líder indígena criticou a violência dos protestos e puxou o coro: "Sem anistia".
"A partir de agora essa invisibilidade não pode camuflar nossa realidade, estamos aqui de pé para mostrar que nós iremos nos render. A nossa posse aqui hoje, minha e de Anielle Franco, é o mais legítimo símbolo dessa resistência secular preta e indígena do nosso Brasil", disse Guajajara.
Entre os convidados presentes estavam: o vice-presidente, Geraldo Alckmin; a primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja; a ex-presidente Dilma Rousseff; os ministros Flávio Dino (Justiça); Rui Costa (Casa Civil); Marina Silva (Meio Ambiente); Margareth Menezes (Cultura) e Silvio Almeida (Direitos Humanos). A pasta chefiada por Guajajara foi criada por Lula para cuidar de políticas de governo voltadas aos povos indígenas.
"As terras indígenas são importantes aliadas na luta contra o aquecimento global e fundamentais para a preservação da nossa biodiversidade. Como já foi considerado no Acordo de Paris e na declaração de Nova York para florestas tropicais das Nações Unidas, o conhecimento dos povos e comunidades tradicionais são também conhecimentos científicos e, hoje, são uma das últimas alternativas para conter a crise climática", disse a ministra dos Povos Indígenas.
Guajajara anunciou a recriação do Conselho Nacional de Política Indigenista, extinto em 2019, pelo governo anterior. "[O conselho] garante a participação paritária entre representações indígenas de todos os estados brasileiros e órgãos do executivo federal", enfatizou a ministra.
Anielle Franco ressaltou importância da luta contra racismo
A nova ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, lembrou o legado da irmã, Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018.
"Desde o dia 14 de março de 2018, dia em que tiraram a Marielle da minha família e da sociedade brasileira, tenho dedicado cada minuto da minha vida a lutar por justiça, defender a memória, multiplicar o legado e regar as sementes da minha irmã. Nesse caminho, fundamos o instituto Marielle Franco, organização que se tornou referência no combate a violência política de gênero e raça, e na defesa dos direitos de mulheres negras, pessoas LGBTQIAP+, e periféricas faveladas", disse.
Anielle, assim como Guajajara, criticou os atos de vandalismo realizados no domingo (8). A ministra da Igualdade Racial ressaltou a importância da "institucionalização da luta política antirracista".
"Não podemos mais ignorar ou subestimar o fato de que a raça e a etnia são determinantes para a desigualdade de oportunidades no Brasil em todos os âmbitos da vida. Pessoas negras estão sub-representadas nos espaços de poder e, em contrapartida, somos as que mais estamos nos espaços de estigmatização e vulnerabilidade", afirmou.
A nova ministra da Igualdade Racial disse que, nos próximos 4 anos, vai trabalhar para fortalecer a Lei de Cotas e ampliar a presença de jovens negros e pobres nas universidades públicas. Também disse que buscará aumentar a visibilidade e a presença de servidores negros e negras em cargos de tomada de decisão da administração pública.
Ela adiantou que a pasta ainda deve relançar o plano Juventude Negra Viva, que promoverá ações que visem a redução da letalidade contra a juventude negra brasileira e a ampliação de oportunidades para jovens brasileiros.
Anielle Franco também mencionou o fortalecimento da política nacional de saúde integral da população negra, e a necessidade garantir direitos de comunidades quilombolas e ciganas.
"Nós precisamos confrontar o esvaziamento e o enfraquecimento das políticas raciais conquistadas e construídas ao longo da história do enfrentamento ao racismo e da promoção de igualdade racial no Brasil. É nossa prioridade lutar pelo fortalecimento e ampliação de políticas que culminem na dignidade da vida do povo negro brasileiro", disse a ministra. Com informações da Agência Brasil.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião