O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a guerra na Ucrânia, que já causou mais de 200 mil mortes, "já está cansando as pessoas". A fala ocorreu durante uma entrevista à imprensa após sua participação na 18ª Cúpula do G20, na Índia. A alegação foi feita num contexto em que Lula tenta tirar a invasão da Ucrânia da pauta do G20 para favorecer a Rússia, país que vem apoiando desde o início do conflito.
De acordo com a inteligência dos Estados Unidos, cerca de 190 mil combatentes morreram na guerra até agora, sendo 120 mil russos e 70 ucranianos. Já a ONU diz que o número de civis mortos por causa da guerra, nos últimos 18 meses, chega a 9.614. Mas os números de mortes de civis devem ser muito maiores, pois as Nações Unidas baseiam a maior parte de sua contagem de mortos em casos registrados em áreas que já foram libertadas pela Ucrânia. Não se sabe quantas pessoas morreram na área invadida.
Lula minimizou esses fatos dizendo que são "vítimas que não vamos conseguir trazer de volta". Ele adotou discurso contraditório ao que usava quando acusou equivocadamente o ex-presidente Jair Bolsonaro de ser responsável por milhares de mortes durante o período de pandemia.
A guerra teve início em fevereiro de 2022, quando tropas russas invadiram a Ucrânia a mando de Vladimir Putin.
Lula disse ainda que os refugiados ucranianos, que já somam 6,2 milhões de pessoas, e os refugiados russos, estimados entre 600 mil e 1 milhão de cidadãos, estão cansados da guerra.
Mas ele não mencionou que os refugiados ucranianos deixaram seu país deixando familiares e patrimônio para trás para não serem mortos. Ou seja, não se trata de questão de cansaço. Lula também não disse que os russos que saíram às pressas de seu território não queriam ser forçados a enfrentar o risco de morte nas trincheiras na Ucrânia invadida.
A Cúpula do G20 encerrada no último domingo teve como principal resultado uma declaração que adotou um tom brando sobre a guerra. Esperava-se que a presença dos países do Ocidente pudesse fazer com que a Rússia fosse citada nominalmente como responsável pelas centenas de milhares de mortes causadas pelo conflito, mas isso não aconteceu. O resultado foi conveniente para Lula, que tenta minimizar a guerra com o objetivo de discutir pautas de seu interesse no G20, bloco que passa em dezembro a ser presidido pelo Brasil.
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