Nesta quarta-feira (29), a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) da Câmara aprovou um requerimento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para que o colegiado ouça ex-assessores do também deputado André Janones (Avante-MG) sobre as recentes denúncias de “rachadinha” no gabinete do parlamentar.
Os deputados querem ouvir Cefas Luiz Paulino, que esteve lotado no gabinete de Janones até setembro de 2022 e é autor de parte das denúncias contra o parlamentar; e a ex-assessora e atual prefeita de Ituiutaba (MG), Leandra Guedes.
Leandra é apontada nas denúncias como operadora do esquema da “rachadinha” durante o tempo em que trabalhou para Janones. O deputado e a ex-assessora foram namorados.
Em entrevista à CNN Brasil, Cefas Luiz disse que a prática de “rachadinha” era comum no gabinete do parlamentar e que Leandra Guedes “era responsável por pegar o dinheiro de rachadinha dos funcionários”.
Ainda segundo o ex-assessor, “nada era pago em banco. Era em dinheiro vivo”.
Denúncias
Janones tem sido alvo de uma série de denúncias de ex-assessores divulgadas pelo jornal Metrópoles.
No início desta semana, o jornal divulgou um áudio em que o deputado cobra de assessores a devolução de parte dos salários.
De acordo com Janones, não se trata da prática conhecida como “rachadinha”, mas de uma contribuição dos assessores para que ele conseguisse recuperar parte do seu patrimônio usado para custear a sua campanha à prefeitura de Ituiutaba (MG), em 2016.
Na terça-feira (28), o jornal divulgou um novo áudio em que Janones pede a assessores para transferir parte do salário para sua conta como forma de criar um caixa para bancar campanhas eleitorais. A estimativa de Janones era de arrecadar R$ 200 mil.
Os dois áudios revelam partes de uma mesma conversa de Janones com assessores dentro da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido do deputado. De acordo com o Metrópoles, Janones não sabia que estava sendo gravado.
O parlamentar já foi denunciado pela oposição na Procuradoria-Geral da República (PGR) por crime de improbidade administrativa e teve um pedido de cassação encaminhado para o Conselho de Ética da Casa.
Janones chamou acusações de “fake news” e culpou a “extrema-direita”
Após a repercussão negativa do vazamento do primeiro áudio, Janones foi às redes sociais apresentar a sua versão do caso.
O parlamentar chamou as acusações de “fake news” e culpou a “extrema-direita” pela disseminação da reportagem do Metrópoles, jornal com viés de esquerda.
Em entrevista ao ICL Notícias, Janones confirmou a veracidade dos áudios, mas disse que o conteúdo está “fora de contexto”.
O parlamentar, que também é advogado, disse que não vê crime no que falou, apesar de garantir que não lembra da conversa com os assessores.
Durante a entrevista, Janones repetiu várias vezes que nunca pegou dinheiro de funcionário, seja pessoalmente, em mãos, ou por meio de depósito bancário.
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