Caciques partidários e economistas influentes que apoiaram a candidatura do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticaram falas dele que repercutiram mal no mercado, na quinta-feira (10). O mercado reagiu negativamente após Lula afirmar em discurso a apoiadores, em Brasília, que as pessoas não deveriam sofrer para garantir "a tal da estabilidade fiscal", em uma crítica direta ao teto de gastos e às metas de superávit. O futuro presidente chegou a comentar o “nervosismo do mercado” e disse nunca ter visto "um mercado tão sensível como o nosso".
O fundador e ex-presidente do partido Novo, João Amoêdo, por exemplo, classificou como "ruim e desnecessário" o discurso feito na "largada". "Lula precisa sair do palanque. Mas ainda é prematuro dizer como será o governo dele. A transição trouxe coisas boas e ruins. Mas o mercado está volátil demais", disse ao jornal O Estado de S. Paulo. Amoêdo teve sua filiação suspensa pela Comissão de Ética do Novo após declarar voto em Lula durante o segundo turno.
O economista Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, foi outro a comentar. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, disse que Lula ainda está no "modo campanha". Na véspera, em evento fechado promovido pelo BTG Pactual, Meirelles disse que o próximo governo Lula tem duas vezes mais chance de se parecer com o governo Dilma Rousseff, marcado pelo desequilíbrio fiscal. "Começou a sinalizar uma direção a Dilma", teria dito Meirelles, segundo informou o site O Antagonista.
A economista Elena Landau, responsável por ter liderado as privatizações durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e por ter coordenado o programa econômico da senadora Simone Tebet (MDB-MS) nas eleições deste ano, disse que a fala de Lula "desmoraliza a transição". "É um discurso de PT pelo PT, que ignora os apoios recebidos", disse ao jornal Valor Econômico.
O presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, disse que o discurso "caiu mal". "Não só para o mercado, mas também entre aqueles que acharam que a frente ampla, que foi essencial para a vitória dele no segundo turno, valeria também para o governo. Lula dava sinais positivos na transição, mas fez um discurso desnecessário. Foi um passo mal dado", declarou a O Estado de S. Paulo.
O ex-senador José Aníbal , ex-presidente nacional do PSDB, afirmou a O Estado de S. Paulo que não é válido o contraponto exposto por Lula entre teto de gastos e as despesas sociais. "É possível trabalhar nas duas frentes", comentou.
Em entrevista a rádio CBN, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que declarou voto em Lula no segundo turno, disse que as ideias do futuro governo do PT para a área econômica estão se afastando daquilo que ele acredita.
Aliados saem em defesa de Lula e minimizam polêmica
Diante da repercussão negativa das falas de Lula, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, buscou colocar panos quentes na polêmica em postagem no Twitter. "Estão dizendo que o mercado reagiu mal ao discurso de Lula porque enfatizou investimentos na área social em detrimento do equilíbrio fiscal. Não foi o que ele disse. Mas onde estavam quando Bolsonaro fez a gastança pré campanha eleitoral?", escreveu.
Já o vice-presidente eleito e coordenador da equipe de transição, Geraldo Alckmin (PSB), disse que a responsabilidade fiscal não é incompatível com a questão social.
"Se alguém teve responsabilidade fiscal, foi Lula. Isso não é incompatível com a questão social. O que precisa é a economia crescer, esse é o fator relevante. Essas oscilações do mercado tem inclusive questões externas além da questão local", comentou.
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