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Maior força da Câmara

Centrão X ideológicos: como será a relação entre as alas do “novo” PL, a sigla de Bolsonaro

Deputados recém-filiados ao PL em encontro com Bolsonaro
Deputados recém-filiados ao PL em encontro com Jair Bolsonaro exibem a palavra "Lealdade", em referência a sua postura em relação ao governo. (Foto: Divulgação/PL)

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A transformação do PL no maior partido da Câmara faz com que agora a legenda tenha em sua bancada apoiadores mais ideológicos do presidente Jair Bolsonaro, eleitos na onda conservadora de 2018, e também políticos do chamado Centrão, que têm mais tempo no Legislativo e que adotam uma postura política menos ideológica e mais pragmática.

O PL, partido que Bolsonaro escolheu para disputar a reeleição, é a legenda que mais vem ganhando parlamentares durante a chamada janela partidária de março – mês em que deputados podem mudar de sigla sem o risco de perderam o mandato.

A migração para o PL colocou na mesma legenda deputados de primeiro mandato como Carlos Jordy (RJ) e Carla Zambelli (SP), defensores ferrenhos de Bolsonaro, e também veteranos como José Rocha (BA) e Wellington Roberto (PB). Os dois últimos votaram contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e Rocha chegou a ser vice-líder do governo da petista na Câmara, cargo que repetiu durante a gestão de Michel Temer (MDB).

Tanto os governistas habituais quanto os veteranos do PL têm adotado o discurso de que o partido vive um novo momento e de que posições políticas do passado não atrapalharão a meta da agremiação de ser a força principal de apoio a Bolsonaro na Câmara.

Integrantes do PL dizem que quem quis sair do partido por discordar do governo já saiu. Segundo eles, esse foi o caso do deputado Marcelo Ramos (AM), vice-presidente da Câmara, que migrou para o PSD. Ramos faz oposição a Bolsonaro e comunicou que não poderia permanecer no PL com a chegada do presidente, oficializada em novembro do ano passado. Na avaliação dos atuais membros do PL, a saída de Ramos neutralizou as forças antigoverno na sigla. "Quem era o maior problema já saiu. Isso pavimentou o caminho do PL", afirmou o deputado Bibo Nunes (RS), um dos que foi eleito pelo PSL em 2018 e que agora está no PL.

Nunes também afirmou não ver problema em dividir a bancada com antigos defensores dos governos petistas. "Eu olho a partir de agora. O que passou passou. E ainda há tempo para que quem não estiver satisfeito saia do partido", diz ele.

Ala do Centrão diz que PL vota com o governo desde o começo do mandato

Deputados da ala do Centrão do PL dizem que o partido já vota com Bolsonaro desde o início do mandato do presidente – e, portanto, compunha a base aliada antes da chegada dos governistas "raiz".

"Se você comparar as votações do PL com as dos outros partidos, vai perceber que nós somos os que mais votaram, em termos proporcionais, junto com o governo. Então a chegada dos novos colegas não muda nada, não altera nada; continuamos base do governo", diz o deputado Capitão Augusto (SP).

O deputado é o presidente da Frente Parlamentar de Segurança, grupo conhecido como "bancada da bala". Augusto está em seu segundo mandato, e nas duas ocasiões foi eleito pelo PL (embora, em 2014, o partido se chamasse PR). O parlamentar diz esperar uma "composição tranquila e suave" com os novos colegas de bancada. "Eles nos conhecem, nós os conhecemos, e sempre votamos em conjunto."

O deputado Wellington Roberto, que liderou a bancada do PL no ano passado, afirma que o grupo de veteranos "se preparou" para receber os novos membros e essa adaptação deve inibir a ocorrência de conflitos entre a ala do Centrão e a ala mais alinhada ideologicamente com Bolsonaro. "A gente está se preparando para isso faz tempo. Discutimos todas essas migrações."

Para o parlamentar, a chegada de novos membros ao PL tem no governo Bolsonaro o principal beneficiário. "Vamos continuar um relacionamento que já estava sendo profícuo para o partido e para o governo. O governo precisa de uma base fortalecida. Iremos, com certeza, dar tranquilidade para o governo", diz Roberto.

Comando da bancada permanece com os veteranos

A chegada dos apoiadores mais ideológicos de Bolsonaro, vindos principalmente do antigo PSL, não alterou a hierarquia de comando da bancada do PL. Wellington Roberto passou em fevereiro a liderança a Altineu Cortes (RJ). O parlamentar está em seu segundo mandato. E, antes de chegar à Câmara, foi deputado estadual no Rio de Janeiro, filiado ao MDB, e fazia parte da base de apoio ao então governador Sérgio Cabral (MDB). Já o primeiro vice-líder é Giovani Cherini (RS), que é deputado desde 2011 e, antes do PL, era membro do PDT.

Na relação completa dos vice-líderes da bancada, os novatos são minoria. Outros vice-líderes são Soraya Santos (RJ), que já foi primeira-secretária da Câmara; Vicentinho Júnior (TO), em segundo mandato e eleito pelo PSB no primeiro mandato; e José Rocha (BA), o ex-vice-líder dos governos Dilma e Temer.

Se consolidada a nova forma do PL como um partido "100% Bolsonaro", como disse desejar o deputado Capitão Augusto, o partido viverá uma modificação substancial em sua trajetória. Desde a redemocratização do país o PL é visto como um dos partidos que mais representa o espírito do Centrão no Congresso – grupo que representa parlamentares de diferentes partidos que se aliam a diferentes governos, independentemente de questões ideológicas. O PL que hoje tem Bolsonaro como integrante foi o partido do ex-vice-presidente José Alencar, que exerceu a função durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A aproximação entre PL e PT esteve também entre as principais causas do escândalo do mensalão. O partido foi acusado de ter recebido dinheiro público para votar com o governo Lula e, por causa do episódio, seu presidente nacional, Valdemar Costa Neto, cumpriu pena de prisão em regime fechado.

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