O senador Rodrigo Pacheco (esq.) e o senador eleito Rogério Marinho (dir.)| Foto: Roque de Sá/Agência Senado / Waldemir Barreto/Agência Senado
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A disputa pela presidência do Senado continua em aberto entre o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tentará a reeleição, e o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN). A análise de que o pleito segue sem um favorito foi feita à Gazeta do Povo por sete lideranças do Senado, entre aliados dos dois candidatos e até senadores ainda indecisos sobre em quem votar.

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A análise majoritária é de que nem mesmo os atos de vandalismo ao Palácio do Planalto, ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro, em Brasília, definem a disputa. Alguns senadores aliados de Pacheco e indecisos consideram que a probabilidade de recondução do atual presidente aumenta após a invasão à Praça dos Três Poderes.

O argumento entre alguns senadores é de que os atos de vandalismo fortalecem o governo federal e o candidato que tem a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o apoio de parlamentares de sua base política, ou seja, Pacheco. Os aliados do presidente do Senado confiam na possibilidade de triunfo, mas mantêm os pés no chão e evitam cantar vitória antes do pleito.

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O 1º vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), avalia que Pacheco pode repetir ou até mesmo ampliar a votação que obteve na eleição de 2021, de 57 votos. Ele sustenta, porém, que o próprio presidente da Casa Legislativa e sua base de apoio atuarão ao longo dos próximos 15 dias para consolidar votos e convencer indecisos para assegurar um eventual sucesso no pleito.

Sobre um possível impacto dos atos de vandalismo à candidatura de Marinho e em benefício a Pacheco, Vital do Rêgo prega respeito ao senador eleito. "É sempre bom fazer ressalvas para não termos o descuido de vincular. Não é o fato do senador Rogério ser do PL que pode sugerir que ele tenha concordado com os atos. É um democrata e não tenho dúvidas de que ele, como todo e qualquer cidadão que tenha bom senso e, independente de posições políticas e partidárias, deve ter rechaçado os lastimáveis episódios do dia 8", diz.

Vital do Rêgo acredita que é o perfil de Pacheco e o trabalho conduzido por ele que pode ser determinante para o resultado. "É evidente que há o elemento político que se leva em consideração na escolha dos posicionamentos de cada partido e de cada grupamento partidário, mas também eu não posso desconhecer que o eleitor e o senador e senadora considerará a postura de quem conduziu a Casa, e Rodrigo conduziu a casa com firmeza e competência de poder", afirma.

Os aliados de Marinho, por sua vez, também têm a expectativa da vitória e rechaçam a hipótese de que a invasão na Praça dos Três Poderes prejudique o candidato. Para eles, o sucesso no pleito seria por um placar de três ou quatro votos acima dos 41 necessários para se eleger o presidente do Senado.

Em 8 de janeiro, Marinho repudiou os atos de vandalismo em suas redes sociais. "A democracia não admite a depredação e a barbárie. Essas ações terminam justificando o injustificável, ou seja, causarão o recrudescimento de medidas excepcionais que relativizam a constituição e atacam liberdades individuais", comentou. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) reforça o discurso. "Não há nenhum senador que não tenha condenado os atos de violência", destaca.

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Da mesma forma, Pacheco também deu declarações de repúdio ao vandalismo em Brasília e cobrou punição aos envolvidos. “Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência”, afirmou o Pacheco, que acumula os cargos de presidente do Congresso e do Senado.

O que pesa a favor de Pacheco e Marinho pela presidência do Senado

Os dois candidatos têm pontos a favor que mantêm vivas suas chances de eleição. No caso de Pacheco, além da força por ser o atual presidente do Senado, ter a simpatia de Lula e o apoio de senadores e partidos de centro e da esquerda, ele é visto por aliados e senadores indecisos como "moderado", "equilibrado" e alguém com um perfil de "magistrado".

Vital do Rêgo elogia Pacheco e considera que ele cumpriu um eficiente, efetivo e produtivo papel à frente do Senado nos últimos dois anos. "Ele teve um comportamento à frente das atribuições do cargo extremamente elogiosas e louváveis, tanto politicamente, em especial quando teve que posicionar a Casa e o Parlamento em defesa das nossas instituições e dos momentos delicados, como em 2021 [segundo ano da pandemia da Covid-19], principalmente. E ele sempre foi firme na defesa da democracia, dos seus postulados e dos seus princípios. Levando isso em consideração, a escolha de Rodrigo é muito segura e sensata", defende.

O vice-presidente do Senado também enaltece Pacheco pela "vigilância" em temas como a confiança do processo eleitoral, no que diz respeito à defesa das urnas eletrônicas, e considera que, legislativamente, teve a competência de dar dinâmica à Casa na deliberação sobre matérias importantes. "São diversas as matérias, mesmo num período em que nós tivemos a pandemia, com as limitações de um trabalho eminentemente presencial. Mas a presidência soube administrar e avançamos as pautas enfrentadas, fossem estas de iniciativa parlamentar ou do Executivo", destaca.

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Já o discurso de Marinho de independência e de fortalecimento do Senado agrada seus aliados e alguns parlamentares indecisos. Alguns congressistas, de fato, se sentem atraídos pela fala de articular uma aproximação respeitosa do com o Judiciário e não ficar submisso ao STF. "Ele tem um discurso que soa bem", afirma uma liderança de um dos partidos de centro.

O senador Carlos Portinho, que encerrou a última legislatura como líder do governo Bolsonaro, afirma que teve um bom retorno sobre o discurso de Marinho em conversas com parlamentares. "Tem senadores que entendem que é hora de arrefecer e ter uma liderança que seja capaz de construir a ponte de harmonia entre os Poderes, lógico, com nossas diferenças e posições", salienta.

Portinho considera que Pacheco não teve a capacidade de preservar a altivez e independência do Senado em relação ao STF, por exemplo, e que isso beneficia a candidatura de Marinho. "O sentimento que tenho tido nas conversas com os senadores é de que Pacheco fracassou, isso está muito vivo no Senado. A liderança do Senado [Pacheco] não teve, apesar de toda a proximidade dele com o Judiciário, a capacidade de construir essa ponte", avalia Portinho.

O que pesa contra a candidatura de Pacheco à presidência do Senado

Além dos pontos positivos, também há análises sobre questões que não beneficiariam os candidatos. A principal reclamação contra o presidente do Senado é de que ele empoderou excessivamente o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), ex-presidente da Casa. "Ele delegou muita coisa, até por uma questão de gratidão, que acabou ficando submisso ao Davi, e isso muito senador reclama", diz uma liderança da base de Pacheco.

Alcolumbre, que presidiu o Senado nos dois primeiros anos da última legislatura, foi o principal coordenador da campanha de Pacheco em 2021 e, segundo afirmam dois senadores à Gazeta do Povo, existe um acordo entre ambos para mobilizar a base pela eleição do senador do União Brasil nas eleições da presidência em 2025.

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Outro ponto que incomoda senadores da base de Pacheco é a forma como Alcolumbre costurou as indicações de ministros para a equipe ministerial de Lula e os acordos firmados para a ocupação de presidências de comissões e da Mesa Diretora. O compromisso firmado entre ambos mantém Alcolumbre na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e mantém o MDB na primeira vice-presidência do Senado, com a possibilidade de recondução do senador Veneziano Vital do Rêgo.

As críticas de alguns senadores da base de Pacheco são de que os acordos não "oxigenam" o Senado. "Já está praticamente tudo encaminhado sobre quem vai à primeira-vice, quem vai à primeira-secretária, quem vai para a comissão de CCJ e para outras comissões visadas, e isso não está pegando bem. Está tirando a prerrogativa do senador de poder debater dentro do seu colegiado e colocando isso como se fosse às favas contadas", critica um senador. "Até hoje, o que a gente observa é que o presidente basicamente é o Davi. E esse binômio Davi e Pacheco desde a última legislatura não é bem visto", complementa.

O senador Vital do Rêgo destaca que a definição do MDB pela primeira-vice-presidência em caso de vitória de Pacheco atende ao critério da proporcionalidade na ocupação da Mesa Diretora e admite que seu nome está à disposição. "Não nego a nossa postulação, mas não é uma decisão pessoal, cabe ao grupo dos 10 senadores fazer essa escolha", afirma.

Sobre as articulações envolvendo Alcolumbre, Vital do Rêgo diz que não há imposição de vontades e que a escolha é livre do colegiado da Casa para a definição de presidente e até das comissões temáticas. "O [ex-]presidente Davi tem tido uma participação digna. Se a ele são conferidas algumas importantes missões é porque quem de fato as confere não é apenas o Rodrigo, mas o colegiado, que sabe que ele desempenha bem e desempenhou muito bem como presidente [do Senado], e também na comissão. Mas não sei se ele confirma o propósito de candidatar-se à CCJ, mas vejo que, em sendo assim, penso que o seu nome e a sua permanência seria boa", comenta.

Quais os "contras" a candidatura de Marinho ao comando do Senado

Já a observação feita no caso de Marinho por alguns senadores indecisos e do entorno de Pacheco é de que o senador eleito é visto como "muito bolsonarista". Para esse grupo de parlamentares, as invasões na Praça dos Três Poderes fragilizam sua candidatura, principalmente pelo discurso pregado por ele de independência do Senado.

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"Alguns senadores argumentam que não é bom para o Brasil o Pacheco ser muito alinhado com o Supremo. Outros argumentam, com certa razão, que pode ser ruim para o Brasil se o Rogério Marinho abrir uma crise com o STF", diz uma liderança. Por esse entendimento, há uma análise de que o senador se fragiliza após os atos de vandalismo em Brasília.

"É claro que esses atos fizeram muito mal ao Rogério Marinho. Eu acho que a invasão na Praça dos Três Poderes foi muito ruim para ele porque a tendência entre alguns é associar a invasão ao Bolsonaro e, intuitivamente, a ele [Marinho]. As pessoas fazem esse raciocínio, incluindo senadores", analisa um líder partidário do Senado.

"Apesar da pressão nas redes sociais ser muito maior sobre o Rodrigo [Pacheco], eu acho que essa radicalização acabou beneficiando muito o governo federal, que apoia o Rodrigo", complementa outro líder.

Um dos senadores avalia que Marinho precisará se posicionar "muito claramente" como um candidato "que é de direita, mas não é radical". "Para ter alguma chance, ele tem que dizer com todas as letras que não vai abrir uma guerra contra o Supremo Tribunal Federal. Ele vai ter que defender poderes independentes, porém, harmônicos. E falar que vai instalar a CPI para investigar os atos de vandalismo e, com isso, vai desagradar alguns bolsonaristas", analisa a fonte.

Entre senadores indecisos é até dito que, de última hora, Marinho poderia abdicar de sua candidatura para apoiar a senadora Tereza Cristina (PP-MS), que manteria o apoio do bloco e conseguiria outros votos ao centro. Marinho tem deixado claro sua contrariedade aos atos de vandalismo e as invasões ocorridas na Praça dos Três Poderes e tem o apoio da cúpula do PL, que rechaça a possibilidade de renúncia e mantém a candidatura.

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"Estamos fechados com Rogério Marinho para valer", disse o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, em vídeo publicado à imprensa após reunião na sede do partido na segunda-feira (16). "Nosso encontro aqui hoje foi para fazer conta. A eleição vai ser disputada, mas nós chegamos à conclusão que nós temos votos para ganhar", afirmou.

Na ocasião, o partido se reuniu para confirmar a candidatura de Marinho e fazer um balanço das articulações. O senador Carlos Portinho destaca que, agora, o PL e a base de apoio vão para a fase de composição do bloco de apoio à candidatura do partido. Em vídeo, Costa Neto afirma que vai manter contato com "outros presidentes" partidários para fechar o bloco partidário com PP e Republicanos. Ele também disse que vai "manter contato com outros partidos".

O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS), vice-líder do partido, confirma a existência de um compromisso fechado em apoiar Marinho. "Eu já tenho apoio fechado com ele [Marinho] e, na sexta-feira (13), tivemos uma reunião virtual com os seis senadores do PP sobre esse assunto. Em princípio, são todos favoritos, os seis votos estão com ele", afirmou. A reunião foi coordenada pelo presidente nacional e líder do partido no Senado, Ciro Nogueira (PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil de Bolsonaro.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]