O resultado das eleições municipais de 2020 vai alterar a correlação de forças no Congresso Nacional nos próximos anos. Legendas como PP e PSD, que cresceram no pleito de novembro, devem dar as cartas na Câmara e no Senado a partir de agora. O DEM, que também saiu fortalecido nas urnas últimas eleições, já se articula para ratificar sua posição de independência frente ao governo federal, ao lado de PSDB e MDB.
Por outro lado, as eleições ligaram o sinal de alerta para o PT, inclusive na executiva nacional. Há receio dentro do partido de perder espaço no Congresso Nacional, principalmente para o Psol. E o PSL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro foi eleito, luta para não voltar à condição de nanico dentro do Congresso. Tanto que a cúpula do partido busca um retorno de Bolsonaro à sigla, em um cálculo político extremamente complexo.
Ao fim das eleições desse ano, o DEM foi o partido que mais cresceu — ganhou 191 prefeituras, passando de 272 em 2016 para 463 esse ano —- seguido de PP, que elegeu 685 prefeitos, 187 a mais que no último pleito municipal. O MDB manteve o maior número de prefeituras, embora em número menor que em 2016; o PT encolheu, não elegeu prefeito de capitais e perdeu 74 prefeituras entre as duas eleições.
Com essa nova configuração partidária nos municípios, deputados do PP e do PSD já admitem nos bastidores que serão mais pressionados por prefeitos pela obtenção de verbas do governo federal. Por essa razão, há um sentimento geral de que partidos como PL, PP e PSD precisam votar em bloco em favor do deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato a presidente da Câmara, para conseguir manter a interlocução com o governo federal. E, dessa forma, poder agraciar prefeitos dessas siglas.
Além disso, integrantes do Centrão já admitem que pretendem pressionar o governo federal a abrir espaço para partidos do grupo em uma eventual reforma ministerial, no início do ano que vem. O assunto foi discutido durante jantar organizado por Arthur Lira na noite de terça-feira (1º).
Uma das pastas cobiçadas pelos partidos é o Ministério da Saúde, hoje comandado pelo general Eduardo Pazuello. Integrantes do Palácio do Planalto também admitiram em caráter reservado à Gazeta do Povo que poderão abrir ainda mais espaço para o Centrão a partir do ano que vem.
DEM e PSDB falam em bloco independente; MDB é incógnita
Já tendo esse tipo de articulação em mente, aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tentam minar a candidatura de Lira. O DEM e o PSDB trabalham com a possibilidade de se unirem em bloco, a partir de fevereiro do ano que vem, para incomodar o governo federal.
O receio de membros do DEM é que uma vitória de Lira possa complicar ainda mais o já difícil acesso que alguns aliados de Maia têm na Esplanada dos Ministérios. Lira é visto nos bastidores como um parlamentar que auxilia seus aliados e dificulta a vida de adversários.
Nesta conta, o MDB também busca uma recolocação no Congresso. Com menos prefeitos eleitos, a visão é que o partido perdeu força, mas ainda é um personagem extremante importante dentro do equilíbrio de forças no Congresso — tanto na Câmara quanto no Senado.
Integrantes do partido, com o deputado federal Hildo Rocha (MA), já defendem nos bastidores que o MDB se aproxime de Bolsonaro após as eleições na Câmara, caso o partido não consiga capitanear uma candidatura do líder da sigla, deputado Baleia Rossi (SP).
Do outro lado, o próprio Rossi já defendeu publicamente que o partido mantenha seu posicionamento independente do Planalto. “Se por um lado, perdemos em influência. Do outro, sofremos um desgaste menor ao não nos vincular diretamente com o Palácio, já que o presidente gera uma crise por segundo”, defendeu em caráter reservado uma importante liderança do MDB à Gazeta do Povo. “Vamos ter cada vez mais, nas próximas eleições, a direita fortalecida. Mas a direita pragmática”, diz o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).
PSL e PT buscam sobrevivência no Congresso
Tidos como dois grandes derrotados das eleições de 2020, tanto o PT quanto o PSL lutam para não perder espaço na Câmara e no Senado. No caso do PT, o receio é maior entre os membros da executiva nacional do que necessariamente entre os deputados.
No caso do PSL, os próprios deputados projetam que metade da bancada não será reeleita em 2022. Além disso, o PSL sofre pelo fato de que nem mesmo os deputados mais fiéis ao presidente Jair Bolsonaro tem conseguido espaço na Esplanada dos Ministérios para obter ajuda a prefeitos e vereadores, dentre outros aliados políticos da sigla.
Por essa razão, membros da Executiva Nacional do PSL tratam como “questão de sobrevivência” o retorno de Bolsonaro ao partido. Há duas semanas, aliados de Bolsonaro sugeriram até ao presidente do PSL, o deputado Luciano Bivar (PE), a troca do nome do PSL para “Aliança”, em alusão ao Aliança pelo Brasil.
Na visão dos bolsonaristas, essa mudança de nome poderia dar uma nova cara ao PSL e ajudar a reforçar o compromisso do partido com a pauta conservadora. A mudança não foi a diante principalmente pela resistência da ala bivarista do PSL, comandada pelo deputado Júnior Bozzella (SP).
Já no PT, enfraquecido após estas eleições, há um receio incipiente de perder espaço para o Psol, que hoje tem uma bancada de 10 deputados. Apesar disso, caciques petistas acreditam que poderão manter sua bancada de 54 deputados em 2022, independentemente de um eventual crescimento do Psol.
Por conta destes aspectos, integrantes da Câmara e do Senado acreditam que os partidos do Centrão terão mais força para ampliar suas respectivas bancadas. No PP, há a expectativa de que a bancada cresça dos atuais 40 deputados para pelo menos 50 em 2022. O PSD também acredita que pode elevar sua bancada nas próximas eleições dos atuais 33 para pelo menos 40. Já o DEM, do atual presidente da Câmara, também projeta eleger entre 30 e 35 parlamentares nas próximas eleições.
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