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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou nesta quinta-feira (14) que, pela “primeira vez na história”, o governo conseguiu colocar um “ministro comunista” no Supremo Tribunal Federal (STF). O mandatário se referiu à aprovação pelo Senado do ministro da Justiça, Flávio Dino, para ocupar uma vaga na Corte. Dino foi filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) por 15 anos.
"Vocês não sabem como eu estou feliz hoje, pela primeira vez na história desse país, nós conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista, um companheiro da qualidade do Flávio Dino", disse Lula ao participar da abertura da 4ª Conferência Nacional de Juventude.
Durante o discurso, o presidente voltou a cobrar mobilização dos militantes para as próximas eleições e disse que é preciso conversar com quem está fora dos partidos políticos de esquerda e de direita. “Muitas vezes, nós falamos conosco mesmos, adoramos fazer discurso para nós mesmos… Vamos discutir com aqueles que não são nossos. Vamos politizar esse país, Vamos formar novos socialistas, mais gente de esquerda”, afirmou Lula.
"Nós temos que conversar com pessoas que vocês não gostam, com pessoas que vocês ficam até com ojeriza quando veem o Lula na TV conversando com essas pessoas. Na política, a gente tem que compreender, que a gente conversa com quem é eleito, porque é ele que tem voto e é assim que a gente vai conseguindo aprovar [projetos importantes]", reforçou o petista.
Após aprovação, senadores da oposição criticaram Dino por ser "comunista"
Dino recebeu 47 votos favoráveis e 31 contrários na votação no plenário do Senado. Para ocupar a vaga no Supremo, ele precisava de 41 votos favoráveis entre os 81 senadores. A oposição criticou a aprovação ao STF e o fato de Dino ser comunista. O senador Magno Malta (PL-ES) afirmou que votou contra a indicação pelo fato de Dino ser "comunista" e por não acreditar que o ministro irá, de fato, se desvencilhar do perfil político ao chegar à Corte, apesar do tom ameno adotado na sabatina realizada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O ministro da Justiça procurou evitar o rótulo de comunista na sabatina e focou em sua carreira como magistrado e como parlamentar ao responder os questionamentos dos senadores. Dentre os 27 titulares da CCJ, 17 votaram a favor de Dino e 10 contra. O presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, criticou a escolha de um "comunista convicto" para o Supremo e defendeu uma renovação profunda no Senado em 2026. “Inadmissível um comunista no STF”, disse o deputado federal Zucco (PL-RS).
“Vergonha! Dino aprovado. Temos um Senado subserviente. Agora há no STF um comunista sem apreço pelo democracia e pela liberdade. Parabéns aos 31 senadores que votaram contra esse absurdo. Que em 2026 tenhamos organização para eleger senadores de caráter e que saibamos em quem votar”, disse o líder da oposição na Câmara, deputado Carlos Jordy (PL-RJ).